Domingo, 1º de outubro de 1871. Durante a reza, na igreja do Bom Jesus, um grupo de senhoras atentas ouve o sermão do capelão. Do púlpito, o padre, homem pequenino, de voz forte, comunicativo, que costumava encher a igreja, porque sua mensagem sempre encantava, falava do amor de Jesus para com a Humanidade. Era o Padre Bartolomeu Taddei. Nessa tarde pregou sobre o sofrimento de Cristo na Cruz e a Redenção da Humanidade. Dizia que, se Jesus tanto nos amou, não merecia a nossa gratidão? Lembrou que, ao morrer, Jesus teve o coração perfurado pela lança do soldado romano e, ao longo da história da Igreja, muitos papas, bispos e religiosos incentivaram a devoção ao Coração de Jesus, sinal maior do amor de Deus.
Falou sobre uma religiosa francesa que muito propagou a devoção ao Sagrado Coração: Margarida Alacocque, que viveu em Paray-le-Monial. Contou que Jesus apareceu a ela dizendo: “Eis o Coração que tem amado tanto os homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles”. Disse da mensagem de paz para as famílias e bênçãos aos que forem devotos de Seu divino Coração.
O Padre Taddei convidou aquelas senhoras a tomarem parte do Apostolado da Oração, associação católica dedicada à oração cotidiana como forma de gratidão pelo amor eterno de Deus por nós. Ingressando no Apostolado, elas fariam o oferecimento diário ao Coração de Jesus com as orações próprias. Todos se ajoelharam, rezaram e cantaram.
Assim, de forma acanhada, o Padre Taddei institui o centro do Apostolado da Oração que deu origem a todos os outros que existem no Brasil; a partir deste primeiro núcleo ele promoveu, ao longo de décadas, centenas de encontros erigindo centros do Apostolado, sempre convidando os fiéis, de norte a sul do Brasil a rezarem com o Coração de Jesus.
Em 1871, o Padre Taddei contava 34 anos, mas desde muito jovem fizera uma consagração que nos permite entender o seu zelo apostólico: “Graças que o Vosso Coração me quer conceder, que Maria, minha Mãe, deseja dar-me e que meu Anjo da Guarda vê serem-me necessárias. Graça, sobretudo de entender e praticar uma verdadeira, constante, terna e perfeita devoção ao Vosso Sacratíssimo Coração, a quem desde já consagro a minha alma e o meu corpo, tudo o que tenho feito e farei, a minha vida e a minha morte, propondo-me, jubiloso, a pertencer inteiramente ao Vosso Coração, a viver totalmente para Ele, por Ele trabalhar e nele morrer.”
Iniciamos, n’A Federação, uma nova série de artigos para divulgar melhor a história do fundador do Apostolado da Oração no Brasil, que viveu em Itu por quarenta e oito anos e nos deixou o Santuário Nacional do Apostolado da Oração. Ali está sepultado o santo padre Taddei, cuja causa de beatificação aguarda documentação para ser aberta.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”