Jesus Cristo, Nossa Esperança XIII A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo de hoje

Audiência Geral – Praça de São Pedro – Quarta-feira, 05 e novembro de 2025
Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Sejam todos bem-vindos.
A Páscoa de Jesus não é um acontecimento pertencente a um passado distante, fixado apenas na tradição como tantos outros episódios da história humana. A Igreja nos ensina a fazer memória viva da Ressurreição todos os anos no Domingo de Páscoa e todos os dias na celebração eucarística — momento em que se cumpre de forma plena a promessa do Senhor ressuscitado: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Por isso, o mistério pascal é o eixo da vida cristã, em torno do qual giram todos os outros acontecimentos. Podemos dizer, sem sentimentalismo nem exagero, que todos os dias são Páscoa. Mas de que forma?
Vivemos, a cada instante, inúmeras experiências diferentes: dor, sofrimento, tristeza, entrelaçadas com alegria, admiração e serenidade. Mas, em todas as situações, o coração humano anseia por plenitude, por uma felicidade profunda.
A grande filósofa do século XX, Santa Teresa Benedita da Cruz — cujo nome de batismo era Edith Stein —, que tanto refletiu sobre o mistério da pessoa humana, nos recorda esse dinamismo interior de busca constante pela realização:
“O ser humano anseia sempre por receber novamente o dom do ser, para poder aproveitar o que o momento lhe dá e, ao mesmo tempo, lhe tira.”
(Ser finito e ser eterno. Ensaio de uma ascensão ao sentido do ser, Roma, 1998, p. 387).
Estamos imersos em nossos limites, mas também nos esforçamos continuamente para superá-los.
O anúncio pascal é a notícia mais bela, alegre e comovente que já ressoou na história. É o “Evangelho” por excelência, que proclama a vitória do amor sobre o pecado e da vida sobre a morte — e, por isso, é o único capaz de saciar a sede de sentido que inquieta nossa mente e nosso coração.
O ser humano é movido por um impulso interior voltado para algo que o transcende. Nenhuma realidade passageira o satisfaz por completo. Tendemos ao infinito e ao eterno. Isso, contudo, contrasta com a experiência da morte, antecipada pelos sofrimentos, pelas perdas e pelos fracassos. Como canta São Francisco no Cântico do Irmão Sol, “ninguém vivo pode escapar da morte”.
Tudo mudou naquela manhã em que as mulheres, indo ao sepulcro para ungir o corpo do Senhor, o encontraram vazio. A pergunta feita pelos Magos que vieram do Oriente — “Onde está aquele que nasceu, o rei dos judeus?” (Mt 2,1-2) — encontra sua resposta definitiva nas palavras do misterioso jovem vestido de branco que fala às mulheres na madrugada pascal:
“Vocês procuram Jesus de Nazaré, o crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou.” (Mc 16,6)
Desde aquela manhã até hoje, todos os dias, Jesus conserva esse título: o Vivente, como Ele mesmo se apresenta no Apocalipse:
“Eu sou o Primeiro e o Último, o que Vive. Estive morto, mas eis que estou vivo para sempre.” (Ap 1,17-18)
N’Ele temos a certeza de encontrar sempre a estrela-guia que orienta nossa vida, muitas vezes marcada por acontecimentos confusos, inaceitáveis e difíceis de compreender — o mal, o sofrimento, a morte — realidades que tocam a todos.
Ao meditarmos sobre o mistério da Ressurreição, encontramos resposta para nossa sede de sentido.
Diante de nossa fragilidade humana, o anúncio pascal torna-se cuidado e cura, alimentando a esperança diante dos desafios assustadores que a vida nos apresenta diariamente, tanto em nível pessoal quanto mundial.
Na perspectiva da Páscoa, a Via Crucis se transforma em Via Lucis: precisamos saborear e contemplar a alegria que vem após a dor, revivendo à luz nova da Ressurreição, cada etapa do caminho que a precedeu.
A Páscoa não elimina a cruz, mas a vence — num prodigioso duelo que transformou a história da humanidade.
Também o nosso tempo, marcado por tantas cruzes, clama pelo amanhecer da esperança pascal.
A Ressurreição de Cristo não é uma ideia ou uma teoria, mas o Acontecimento que está na base da fé.
Ele, o Ressuscitado, por meio do Espírito Santo, continua a recordar-nos isso para que sejamos suas testemunhas, mesmo nos lugares onde a história humana parece sem luz e sem saída.
A esperança pascal não decepciona.
Acreditar verdadeiramente na Páscoa, no caminhar de cada dia, é permitir que nossa vida seja transformada — e, assim, transformar o mundo com a força suave e corajosa da esperança cristã.


