O encontro com Cristo: diversos caminhos, uma só verdade
Compartilhe

Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas-Caravelas (BA)

Na caminhada de fé da Igreja Católica, somos todos chamados a um encontro essencial e transformador: o encontro com Cristo, a verdadeira videira que nos sustenta e dá sentido à nossa vida. Contudo, este chamado se manifesta de diversas formas, pois a Igreja é rica em carismas e movimentos que acolhem a multiplicidade dos caminhos pelos quais cada fiel se aproxima de Jesus.
Como nos recorda o Papa Francisco: “Não podemos esquecer que a missão é uma paixão por Jesus, mas ao mesmo tempo é uma paixão pelo seu povo” (Evangelii Gaudium). Essa paixão pelo povo se traduz nos diferentes caminhos que levam ao encontro com Cristo. Para alguns, o chamado é pela fé e pela razão, encontrando na doutrina e nos ensinamentos da Igreja a lógica divina que conduz à verdade. Outros, ao mergulharem na leitura bíblica, são tocados pela Palavra viva de Deus, que ilumina e fortalece o espírito. A Bíblia torna-se uma ponte para o encontro com o Verbo encarnado.
Nos grupos de oração e retiros espirituais, muitos experimentam o chamado em momentos de profunda intimidade com Deus, onde a comunidade de fé se reúne para louvar e interceder. Nos acampamentos espirituais, jovens e adultos encontram espaço para refletir, orar e crescer na fé, e são tocados pela presença viva de Cristo em meio à fraternidade e à partilha.
Os carismas das diversas comunidades e congregações são também caminhos privilegiados de encontro. Como disse o Papa Francisco: “Os carismas são dons do Espírito para renovar e edificar a Igreja” (Discurso aos Movimentos Carismáticos). Cada carisma, um dom do Espírito Santo, traz consigo uma missão particular: seja no serviço aos pobres, na educação, no cuidado dos enfermos ou na evangelização, todos nos conduzem ao mesmo objetivo — o encontro com Cristo.
Além disso, os movimentos pastorais, como as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), o Apostolado da Oração, a Legião de Maria, entre tantos outros, são também caminhos seguros de chamado. Como bem recorda o Papa Francisco: “A Igreja cresce por atração, não por proselitismo” (Evangelii Gaudium). Cada movimento e pastoral, à sua maneira, oferece uma experiência de comunhão e serviço que atrai, sempre conduzidos pelo amor de Cristo.
Contudo, o mais importante não é o modo como somos chamados, mas o encontro. E esse encontro é com Cristo, a videira verdadeira, o centro da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele é o ponto de convergência de todos os nossos passos, esforços e carismas. Se respondemos a um chamado pela oração, pela ação pastoral, pela vida consagrada ou pelo serviço nas comunidades, tudo isso nos conduz à mesma mesa do banquete celestial.
O Papa Francisco nos convida a acolher os diversos chamados com o coração aberto: “A Igreja deve ser um lugar de misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e encorajados a viver segundo a vida boa do Evangelho” (Evangelii Gaudium). Não podemos criar barreiras, mas sim abrir as portas, pois o convite de Cristo é para todos. A Igreja é este grande banquete, onde somos chamados a nos sentar à mesa e, embora ocupemos lugares diferentes conforme o nosso chamado, estamos todos reunidos em uma única mesa, partilhando o mesmo alimento: a graça de Deus.
Que possamos, como povo católico, reconhecer a beleza e a diversidade dos chamados, mas nunca esquecer que, independente do caminho que percorremos, nosso destino final é o encontro pessoal e transformador com Cristo. Como nos lembra Papa Francisco, “O coração da missão da Igreja é a oração” (Angelus), e é na oração e no encontro com Cristo que encontramos nossa verdadeira identidade.
Abramos, então, os nossos corações e as portas da Igreja para acolher todos os chamados que nos levam a esse encontro sublime, onde, na diversidade dos carismas, somos um só corpo, o Corpo de Cristo.
Que Deus nos abençoe e nos guie sempre neste caminho de unidade e amor.