A verdadeira riqueza não são os bens deste mundo, mas ser amados por Deus
O Evangelho de Mc 10, 17-30 fala-nos de um homem rico que corre ao encontro de Jesus e lhe pergunta: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» . Jesus convida-o a deixar tudo e a segui-lo, mas o homem, entristecido, vai-se embora porque – diz o texto – «tinha grande fortuna» . Deixar tudo custa.
Podemos ver os dois movimentos deste homem: no início corre ao encontro de Jesus; no fim, porém, vai-se embora pesaroso. Primeiro corre, depois vai-se embora. Detenhamo-nos nisto.
Primeiro, este homem dirige-se a Jesus a correr. É como se algo no seu coração o impelisse: de facto, apesar de ter tantas riquezas, está insatisfeito, tem uma inquietação interior, procura uma vida plena. Como fazem muitas vezes os doentes e os possuídos (cf. Mc 3, 10; 5, 6), vemos no Evangelho, ele se lança aos pés do Mestre; é rico, mas precisa de ser curado. É rico, mas precisa ser curado. Jesus olha para ele com amor ; depois, propõe-lhe uma “terapia”: vender tudo o que tem, dar aos pobres e segui-lo. Mas, neste momento, chega uma conclusão inesperada: o homem entristece-se e vai embora! Tão grande e impetuoso foi o desejo de encontrar Jesus, quão fria e rápida foi a despedida d’Ele.
Também nós trazemos no coração uma necessidade irreprimível de felicidade e de uma vida cheia de sentido; no entanto, podemos cair na ilusão de pensar que a resposta está na posse de bens materiais e de seguranças terrenas. Jesus, pelo contrário, quer reconduzir-nos à verdade dos nossos desejos e fazer-nos descobrir que, na realidade, o bem pelo qual ansiamos é o próprio Deus, o seu amor por nós e a vida eterna que só Ele nos pode dar. A verdadeira riqueza é sermos olhados com amor pelo Senhor – esta é uma grande riqueza – e como faz Jesus com aquele homem, e amarmo-nos uns aos outros tornando a nossa vida um dom para os demais. Por isso, irmãos e irmãs, Jesus convida-nos a arriscar, a “arriscar o amor”: vender tudo para o dar aos pobres, o que significa despojarmo-nos de nós mesmos e das nossas falsas seguranças, estarmos atentos a quem precisa e partilharmos os nossos bens, não apenas coisas, mas aquilo que somos: os nossos talentos, a nossa amizade, o nosso tempo, etc.
Irmãos e irmãs, aquele homem rico não queria arriscar, arriscar o quê? Não quis arriscar o amor e foi-se embora com uma cara triste. E nós? Perguntemo-nos: a que é que o nosso coração está apegado? Como é que saciamos a nossa fome de vida e de felicidade? Sabemos partilhar com aqueles que são pobres, que estão em dificuldade ou que precisam ser ouvidos, que precisam um sorriso, de uma palavra que os ajude a recuperar a esperança? Ou que precisam ser ouvidos… Lembremo-nos disto: a verdadeira riqueza não são os bens deste mundo, a verdadeira riqueza é ser amado por Deus e aprender a amar como Ele.
E agora peçamos a intercessão da Virgem Maria, para que nos ajude a descobrir em Jesus o tesouro da vida.