Colégio Bom Conselho de Taubaté (2)
Em poucas palavras está dito tudo à Superiora distante. Madre Felicidade não pode desejar melhor para suas filhas. Escolhe as que deverá sacrificar para mais essa fundação em terras americanas. Relata a todas as notícias que sempre lhe chegam do Brasil, animando-as assim a virem ser súditas daquela mulher forte, que soube escalar com denodo as montanhas do sacrifício e do heroísmo. Prepara as novas missionárias, que aqui deverão desembarcar, trazendo no coração, a sufocar o amargor da separação das coisas e entes queridos, a chama ardente que as sublimará na via crucis redentora… Jesus quer tanto ser conhecido e amado. Para fazer-lhe a vontade, a francesa de outrora passará a ser a paulista destemida, a desbravar corações infantis e juvenis, aí semeando a doutrina ensinada por Cristo, aí depositando o conhecimento d’Aquele, que é via, verdade e vida.
Em dezembro de 1878, deixam Chambéry seis novas Apóstolas. Chefia a “bandeira da esperança” Madre Maria do Santíssimo Sacramento, futura superiora de Taubaté. Religiosa não muito jovem, instruída, coração excelente, foi um dos melhores presentes da Casa Mãe ao Brasil. Jovial, comunicativa, está sempre pronta a aceitar alegremente as mil e uma contingências da vida quotidiana. Com invejável bom humor, descreve suas impressões sobre a casa que dirigirá e relata os acontecimentos que aí se passam. Suas cartas levam sempre ânimo e coragem a quem as lê.
Custa um pouco a adaptar-se à nova língua, mas isso não é obstáculo, e, em apenas seis meses, ei-la pronta para assumir o superiorato. A 24 de maio seguinte, toma posse da casa. Em sua companhia está a querida Madre Teodora, que, como sempre, faz questão de matricular a primeira aluna. Acompanha de perto suas filhas, gosta de ver como estão alojadas, providencia para que tudo lhes corra bem, e alegra-se por ver que, em Taubaté não haverá tantas dificuldades a vencer, como no Patrocínio nascente. Não fora sempre seu desejo que o pior lhe pertencesse? Ter-lhe-ia Jesus, por acaso, deixado de atender a esse pedido?
Sob a proteção de Nossa Senhora do Bom Conselho, começa com poucas alunas, o estabelecimento que, em pouco, seria um dos florões de glória do Vale do Paraíba. Situado nas vizinhanças de Minas e Rio, atrai meninas dessas regiões, espalhando assim por mais dois estados o bem já frutificado em São Paulo.
Imensa é a alegria do povo ao abrir-se o Bom Conselho, Exulta o operoso Vigário, que faz da fundação a menina dos seus olhos, conservando pelo resto da vida o amor que lhe votara em seus sonhos de moço. No seu leito de morte, ainda encontra palavras para pedir ao Cônego Valois de Castro que vele sempre pelo seu querido Colégio das Irmãs de São José.
17 de agosto de 1957
Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu da Música – Itu