Monsenhor Camilo: construtor de vidas
Faz quase 50 anos…
Foi a primeira vez que falei com ele, sozinho, por iniciativa minha. Eu tinha perto dos meus 8 anos. Tinha acabado de tomar uma grande decisão: eu queria ser coroinha!
Estávamos numa festa de casamento. Meus pais me apoiaram e me encorajaram a ir conversar com ele. Saí da nossa mesa e fui até onde ele estava. Lembro bem do clima descontraído e das risadas que reinavam naquele grupo, mas não me lembro quem estava junto com ele. Eu estava muito preocupado em como me aproximar, como iria chamar a atenção dele e o que eu iria falar. Afinal, ele era aquele padre com voz forte e presença marcante. Precisei de muita coragem pra ir falar com ele…
Tive que chegar bem perto e tocar no ombro dele pra que ele me percebesse. Não me lembro bem do que falei, mas consegui dizer que eu queria. Ele me olhou e com um grande sorriso me disse algo como: “Que bom!! Venha falar comigo na igreja na próxima semana.” As palavras não devem ter sido exatamente essas, mas me lembro muito bem da sensação que me transmitiram: acolhimento e encorajamento.
Durante a semana, esperando pelo momento de ir até a Matriz da Candelária conversar com ele e iniciar minha jornada como coroinha, eu estava entusiasmado e cheio de expectativas. Preocupado, sim, afinal estava começando algo novo. Mas feliz pela acolhida que eu tinha encontrado nele, Monsenhor Camilo.
Foram cerca de 15 anos que estive próximo dele, como coroinha, depois na comunidade de jovens, tocando violão nas missas e participando de outras tantas atividades da paróquia. E não foram 15 anos quaisquer. Dos 8 aos 23 muita coisa acontece na vida da gente, coisas que nos moldam como as pessoas que nos tornamos para o resto da vida.
E nesse período, eu – como tantas outras crianças e jovens – fomos fortemente marcados por Monsenhor Camilo. Dotado de uma personalidade forte, mas extremamente amável e atencioso, nos contagiava com sua alegria e seu amor pelas pessoas, especialmente os mais simples e humildes. Seu jeito de ser, suas palavras e suas atitudes nos encantavam e nos ajudavam a crescer como pessoas e como cristãos, certos de que Deus nos queria ver alegres, fazendo as coisas certas e corretas, mas sempre alegres.
E não era somente a convivência pessoal com ele que nos fazia sermos melhores. Era também tudo que seu trabalho nos proporcionava. Seu dinamismo e seu carisma atraíam para perto de si muitas pessoas, que o ajudavam a realizar o trabalho de evangelização em diversas frentes, mantendo e criando irmandades, movimentos e pastorais, animando a vida da paróquia.
Foi por isso que, como integrante dos Coroinhas, das Meninas que Ajudam Casamentos (MAC), da Juventude Aberta para um Mundo Novo (JAMN), do Movimento Unido Paroquial em Atividade (MUPA) ou do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), pudemos participar efetivamente da vida da Igreja, procurando viver nossas vidas e enfrentar os desafios inerentes à infância, à adolescência e à juventude, como verdadeiros cristãos.
Monsenhor Camilo ajudou a construir o que fomos naqueles anos e o que somos hoje. Como pessoas, como cristãos, como Filhos de Deus!
Obrigado,
Monsenhor Camilo!
Veja também: matérias e artigos publicados por ocasião do centenário de nascimento de Monsenhor Camilo Ferrarini:
- Missa marca centenário de nascimento de Monsenhor Camilo Ferrarini
- Monsenhor Camilo Ferrarini (1924-2003) – por Milva Regina Guarnieri Savi
- O centésimo 21 de julho de um pastor – por Altair José Estrada Junior
- Monsenhor Camilo: construtor de vidas – por Celso Tomba
- Recordando o saudoso “Mon” – por Pe. Salathiel de Souza
- Monsenhor Camilo: padre da piedade e caridade – por Diác. Tadeu Italiani
- O pároco da minha infância – por Luís Roberto de Francisco
- Monsenhor Camilo, obrigado! – por Pe. Enéas de Camargo Bête