Recordando  o saudoso “Mon”
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Nunca é demais recordar a saudosa figura de Monsenhor Camilo Ferrarini, o nosso “Mon”. As novas gerações talvez não se recordem dele. Mas os que participavam da Igreja nos anos de 1970, têm muitas recordações. E todas boas, diga-se de passagem. Sei que há uma tendência natural a “canonizar” as pessoas quando falecem, mas não é este o caso. Realmente nunca ouvi alguém dar um testemunho negativo a respeito do Monsenhor Camilo.
Eu tinha uns oito ou nove anos de idade quando o vi pela primeira vez. Partia lá do bairro Alberto Gomes para participar da missa das 08h30, que era especialmente preparada para a criançada, com músicas próprias, catequese para o perfil dos baixinhos e alegria, muita alegria.
Monsenhor Camilo era um homem autêntico. Há muitas formas de viver a santidade e ele encontrou a dele. Não se furtava a uma boa conversa quando podia. Era solícito, atencioso e interessado. Preocupava-se em sempre incentivar todos em tudo, tanto na vida em comunidade quanto na vida particular.
Não tive muito contato com ele, como tantos amigos e amigas que foram coroinhas ou acólitos. Mas um conselho dele perseguiu-me a vida inteira e creio ser por causa disso que me engajei na Igreja Católica. Certa vez, durante um encontro de jovens, ele encontrou um grupo de moços e moças. Eu estava entre eles. Monsenhor Camilo parou para conversar conosco e soltou a frase: “Nunca deixem de levar esta alegria de Jesus aos jovens! Nunca deixem!”.
A frase bateu fundo no coração e na alma. Foi o que procurei fazer desde então, não apenas aos jovens mas agora a todos os que sentem o peso das incoerências e injustiças do mundo sobre as costas.
Recordo ainda ter atendido Monsenhor Camilo algumas vezes, em suas idas à Livraria Maranatha. E não me lembro bem em qual circunstância, mas recordo ter tomado uma taça de vinho com ele na única visita que fiz em sua residência, quando ele já estava emérito.
O velório de Monsenhor Camilo fez a cidade parar. Ituanos de todos os bairros foram até a Igreja Matriz de N.Sra. da Candelária, onde houve a missa de corpo presente. Antes, se não me engano, o cortejo passou pela Igreja de Santa Rita, que Monsenhor Camilo tanto amava.
Dizem que a saudade é o amor que fica e que sobrevive à morte. Como é duro lidar com a saudade dos que já partiram para a eternidade! É o paradoxo do tempo: quanto mais ele passa, mais saudosos ficamos. Ainda bem que a esperança na ressurreição nos dá o ânimo de aguardar o feliz reencontro, no Paraíso. Fico imaginando o tanto de festa e o outro tanto de orações do “Mon” sobre todos nós, ituanos. Que preciosa e feliz intercessão!
Sempre rezo pedindo a intercessão de Monsenhor Camilo Ferrarini para os meus próprios desafios. Ele foi exemplo de homem, pai espiritual, sacerdote. Queira Deus que esta saudosa figura possa rezar sempre por nós que ainda estamos cá embaixo!

Amém.

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