Papa Francisco: “o amor precisa de concretude, presença, encontro”
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O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (11/02), Dia Mundial do Enfermo, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho deste domingo que nos apresenta a cura de um leproso.

Ao doente, que lhe implora, Jesus responde: “Eu quero: fica curado!”. Pronuncia uma frase muito simples, que coloca imediatamente em prática. De fato, no mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado. Este é o estilo de Jesus com quem sofre: poucas palavras e fatos concretos.

A seguir, Francisco disse que muitas vezes no Evangelho, Jesus se comporta assim com aqueles que sofrem: surdos-mudos, paralíticos e muitos outros necessitados. “Ele sempre faz assim: fala pouco e as são acompanhadas imediatamente por ações: nesse caso, se inclina, pega pela mão, cura. Não se detém em discursos ou interrogatórios, muito menos em pietismo e sentimentalismos. Demonstra, pelo contrário, o pudor delicado de quem escuta atentamente e age com solicitude, de preferência sem chamar a atenção”, ressaltou o Pontífice.

É uma maneira maravilhosa de amar, e como nos faz bem imaginá-la e assimilá-la! Pensemos também em quando nos acontece de encontrar pessoas que se comportam assim: sóbrias nas palavras, mas generosas no agir; relutantes em aparecer, mas prontas em se tornarem úteis; eficazes em socorrer, porque dispostas a ouvir. Amigas e amigos a quem se pode dizer: “Você pode me ouvir? Quer me ajudar?”, com a confiança de ouvir a resposta, quase com as palavras de Jesus: “Sim, eu quero, estou aqui para você, para ajudá-lo!” Esta concretude é ainda mais importante num mundo como o nosso, em que uma virtualidade evanescente das relações parece ganhar cada vez mais terreno.

A “Palavra de Deus nos provoca”, disse o Papa, citando um trecho da Carta de São Tiago que diz: «Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?».

O amor precisa de concretude. O amor que não é concreto não é forte, precisa de presença, de encontro, precisa de tempo e de espaço dados: não pode limitar-se a belas palavras, a imagens em uma tela, a selfies de um momento ou a mensagens precipitadas. São instrumentos úteis, que podem ajudar, mas não bastam para o amor, não podem substituir-se à presença concreta.

Francisco convidou cada um a se perguntar: “Sei ouvir as pessoas, estou disponível para os seus bons pedidos? Ou dou desculpas, adio, me escondo atrás de palavras abstratas e inúteis? Concretamente, quando foi a última vez que fui visitar uma pessoa solitária ou doente, ou que mudei os meus planos para atender às necessidades de quem me pedia ajuda?”

“Que Maria, solícita no cuidar, ajude-nos a ser prontos e concretos no amor”, concluiu o Papa.

Nova santa argentina, dia dos enfermos e a violação dos direitos humanos

Após a oração mariana do Angelus, deste domingo (11), Francisco recordou a canonização de Maria Antónia de San José, mais conhecida como Mama Antula, na Basílica de São Pedro, celebrada algumas horas antes do Angelus.

Hoje, foi canonizada Maria Antónia de Paz e Figueroa, uma santa argentina. Vamos aplaudir a nova santa!

A seguir, o Pontífice recordou que, neste domingo, celebra-se o Dia Mundial do Enfermo, memória de Nossa Senhora de Lourdes, “que este ano chama a atenção para a importância das relações na doença”.

A primeira coisa de que precisamos quando estamos doentes é da proximidade dos entes queridos, dos profissionais de saúde e, em no coração, da proximidade de Deus. Todos nós somos chamados a estar perto de quem sofre, a visitar os doentes, como Jesus nos ensina no Evangelho. É por isso que hoje quero expressar minha proximidade e a de toda a Igreja a todas as pessoas doentes ou mais frágeis. Não nos esqueçamos do estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura.

Mas neste dia, irmãos e irmãs, não podemos ficar em silêncio sobre o fato de que há muitas pessoas hoje a quem é negado o direito a ser curado, portanto, o direito à vida! Penso naqueles que vivem na pobreza extrema; mas também nos territórios de guerra: ali, os direitos humanos fundamentais são violados todos os dias! Isso é intolerável. Rezemos pela martirizada Ucrânia, pela Palestina e por Israel, rezemos por Mianmar e por todos os povos martirizados pela guerra.

Por fim, o Papa saudou os romanos e peregrinos de vários países e pediu a todos para não se esquecerem de rezar por ele.

(Fonte: Vatican News)