Papa Francisco na Hungria: “como Jesus, sejamos portas abertas”
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“É isto o que faz um bom pastor: dá a vida pelas suas ovelhas.” Com estas palavras inspiradas pelo evangelho de São João, que o Papa Francisco iniciou sua homilia durante a Santa Missa deste 4º Domingo da Páscoa (30/04), celebrada para uma multidão de fiéis na Praça Kossuth Lajos, em Budapeste, na Hungria.

A imagem do bom Pastor guiou a reflexão do Santo Padre que ressaltou duas ações que Jesus, segundo o evangelho, realiza por suas ovelhas: chama-as e depois as faz sair.

“Todos nascemos do Seu chamado”

Irmãos e irmãs, estando aqui esta manhã, sintamos a alegria de ser povo santo de Deus: todos nascemos do seu chamado; foi Ele que nos convocou e, por isso, somos o seu povo, o seu rebanho, a sua Igreja. Reuniu-nos aqui para que, embora sendo diversos entre nós e pertencendo a comunidades diferentes, a grandeza do seu amor nos reúna a todos num único abraço.

Deste modo, em primeiro lugar o Senhor chama as suas ovelhas, disse Francisco, convidando o povo a recordar o sentido da catolicidade e a fazer memória agradecida, do amor de Jesus por nós.

“Jesus é a porta que nos faz sair para o mundo”

A segunda ação então seria, segundo o Pontífice, o movimento de saída. E o ilustra com a imagem da porta: “Este movimento – entrar e sair –, podemos captá-lo a partir de outra imagem que Jesus utiliza: a da porta. Diz Ele: ‘Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, estará salvo; há de entrar e sair e achará pastagem’ (Jo 10, 9).”

Ouçamos com atenção isto: temos que entrar e sair. Por um lado, Jesus é a porta que se abriu a fim de nos fazer entrar na comunhão do Pai e experimentar a sua misericórdia; mas, como todos sabem, uma porta aberta serve não só para entrar, mas também para sair do lugar onde nos encontramos.

Assim, ao final de sua homilia, o Santo Padre mais uma vez destacou que o movimento de viver “em saída” significa tornar-se como Jesus, uma porta aberta. E exortou:

Por favor, abramos as portas! Procuremos ser também nós – com as palavras, os gestos, as atividades quotidianas como Jesus: uma porta aberta, uma porta que nunca se fecha na cara de ninguém, uma porta que a todos permite entrar para experimentar a beleza do amor e do perdão do Senhor.

“Um futuro de esperança, não de guerra, cheio de berços, não de túmulos”

Após a missa, Francisco rezou o Regina Caeli com os 50 mil fiéis reunidos na praça, último evento da manhã de domingo, antes de seguir para a Nunciatura.

Antes da oração mariana, em pé diante do ícone de Nossa Senhora Magna Domina Hungarorum, venerada como protetora e padroeira da Hungria, o Papa eleva uma súplica universal à Mãe de Deus pelo continente europeu, dilacerado por conflitos, divisões, tensões e perspectivas nefastas para o futuro.

A partir desta grande cidade e deste nobre país, quero colocar no seu Coração a fé e o futuro de todo o Continente Europeu, sobre o qual tenho pensado nestes dias, e de modo particular a causa da paz.

Virgem Santa, infundi nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros.

Virgem Santa, olhai para os povos que mais sofrem. Olhai sobretudo para o vizinho povo ucraniano martirizado e para o povo russo, a Vós consagrados. Vós sois a Rainha da paz.

Reunião de diferentes religiões

A fraternidade, portanto, é o caminho que o Papa indica para prevenir as tragédias que tornam o mundo instável. A mesma fraternidade da qual são exemplo as religiões e confissões cristãs da Hungria:

Obrigado pela vossa presença! E obrigado porque, neste país, diferentes confissões e religiões se encontram e se apoiam mutuamente.

Aqui, acrescenta o Pontífice, citando as palavras do cardeal Peter Erdö, arcebispo de Esztergom-Budapeste, “aqui se vive na fronteira oriental do cristianismo ocidental, há mil anos”:

É belo que as fronteiras não representem confins que separam, mas áreas de contato; e que os crentes em Cristo ponham em primeiro lugar a caridade que une e não as diferenças históricas, culturais e religiosas que dividem. Une-nos o Evangelho e é voltando lá, às fontes, que o caminho entre os cristãos continuará segundo a vontade de Jesus, Bom Pastor que nos quer unidos num só rebanho.

O Papa Francisco reza também pela Igreja de toda a Europa “para que reencontre a força da oração” e redescubra em Maria “a humildade e a obediência, o ardor do testemunho e a beleza do anúncio”.

Gratidão aos húngaros

Uma recordação especial vai para os doentes e idosos, para “quem se sente sozinho e quantos perderam a fé em Deus e a esperança na vida. Estou unido convosco, rezo por vós e vos abençoo.”

Por fim, o desejo para que possa “espalhar a alegria de Cristo” e o agradecimento pelos três dias passados ​​na capital húngara: “Levo-vos no coração e peço que rezeis por mim”.

Isten éltessen! [Felicidades] Isten áld meg a magyart! [Deus abençoe os húngaros!]

(Fonte: Vatican News)