O presépio motiva a vivência do Natal em família
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Muitas de nossas famílias ainda mantêm a tradição de montar o presépio em casa, envolvendo especialmente as crianças na tarefa de construir a cena do Nascimento de Jesus com os mais diversos detalhes e adereços. Vale fazer gruta com caixa de sapato e papel-pedra, caminho de areia ou pedrisco, lago com espelho, folhagens com alpiste plantados em tampinhas de garrafa e muitos outros detalhes. Para os pequenos, o dia de montar o presépio é aguardado com ansiedade. E ainda tem briga entre os irmãos para decidir quem movimenta os Reis Magos, um pouco a cada dia.

Mas, em função das atribulações do dia a dia e de outras tantas coisas a fazer para as festas de fim de ano, muitas famílias perderam a tradição da montagem do presépio. Em muitas casas, a cena do Nascimento de Jesus perdeu seu espaço ou virou apenas um objeto de decoração. Assim, perde-se muito da vivência dos valores fundamentais do Natal.

Em 2019, o Papa Francisco escreveu a Carta Apostólica “Admirabile signum” (Admirável sinal), com a qual desejava apoiar a bonita tradição familiar de preparar o Presépio nos dias que antecedem o Natal, além de incentivar que esta prática nunca desapareça e possa ser redescoberta e revitalizada, onde possa ter caído em desuso.

Francisco explicou também o motivo pelo qual esta tradição continua tão importante para nós, cristãos: além de nos recordar dos tempos em que se era criança e se esperava, com impaciência, o tempo para começar a construí-lo, o Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé a nossos filhos e netos.

Para o Papa Francisco, o Presépio não pode ser um mero objeto de decoração natalina, nem uma simples tradição cultural. Ao contrário, o Presépio é uma verdadeira devoção, que motiva em nós um amor mais ardente por Deus e ajuda nossas crianças a conhecer nossa fé.

Montagem do presépio: momento de crescer na fé

Junto com as crianças, a montagem do presépio é um bom momento para se transmitir a fé e de oração, principalmente neste período do ano quando as iluminações de natal e as figuras comerciais podem saltar mais aos olhos do que a simplicidade da manjedoura. “Armar o Presépio em nossas casas nos ajuda a reviver a história sucedida em Belém. Naturalmente os Evangelhos continuam a ser a fonte, que nos permite conhecer e meditar aquele acontecimento; mas, a sua representação no Presépio ajuda a imaginar as várias cenas, estimula os afetos, convida a nos sentirmos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais”, apontou o Papa.

Montar um presépio ajuda muito a nossa devoção, por um motivo bastante simples. Nós, seres humanos, não somos “puros espíritos” como os anjos, não somos meros intelectos, flutuando no ar, entre palavras e ideias. Temos também nosso corpo, com seus cinco sentidos, que são capazes de deixar profundas marcas em nossa alma. Quem não se recorda com imenso carinho, afinal, do cheiro gostoso da casa dos avós, ou do gosto daquela comida que a mãe fazia na infância, ou do cafuné que recebia dos parentes queridos?

Por isso é que, ao contemplarmos o Presépio, “ao vivo e a cores”, vamos alimentando nossa alma, ajudando-a a enxergar e amar as grandes coisas que Deus fez em nosso favor. Ele se fez homem porque nos amou muito, um amor tão grande capaz de dar a própria vida. No Presépio, o Deus que sustenta na existência todo o universo é sustentado pelos braços de Maria, e protegido pela vigilância paterna de José.

O Presépio, de fato, nos comove, nos leva às lágrimas, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez. O sorriso de uma criança, por si só, já é capaz de trazer um pouco de luz, mesmo a nossos dias mais sombrios. Se essa criança for o próprio Menino-Deus, nascido pobre e desprezado, chorando de fome e de frio, na palha de sua manjedoura, exclamemos, com São Francisco de Assis, o criador do primeiro Presépio: “Amemos o Menino de Belém!”.

(adaptado de textos de “O São Paulo”)

 

Veja também:

A importância do Presépio na celebração do Natal em família – Padre Adriano Silva

Na família, o presépio traz o Nascimento de Jesus mais perto de nós