Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – Leituras Iniciais
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (2Samuel 5,1-3)
Davi tinha sido um simples pastor em Belém. Desde jovem teve uma vida bastante agitada: chefiara um bando de rebeldes e iniciara uma luta contra os filisteus (atualmente inclui a Faixa da Gaza, ao sul de Israel) e contra o próprio rei Saul.
A leitura de hoje narra que um dia os anciãos das tribos se apresentam a Davi na cidade de Hebron (vers.1-2) e o ungem rei sobre todo povo de Israel (vers.3). Assim tem início o reino de Davi, grande e poderoso, que os povos do mundo contemplaram durante décadas, com admiração, temor e respeito.
Mais tarde, com a morte de Davi, sucede-o no trono seu filho Salomão, que consegue manter unido o reino de seu pai, mas com o tempo, as tribos se separam novamente e Israel volta a ser um povo insignificante, longe de tornar-se dominador do mundo, grandioso sonho dos israelitas, que imploram para que o Senhor envie o seu Messias.
Por que nos é proposta esta narrativa na primeira leitura da Solenidade de Cristo Rei? Porque Jesus é a resposta de Deus às orações e às expectativas do seu povo. É ele o Messias, o rei que “dominará de um a outro mar, desde o grande rio até os confins da terra” (salmo 72,8).
Por que então os israelitas não o acolheram e o levaram à morte? O motivo será explicado no Evangelho de hoje.
2ª Leitura (Colossenses 1,12-20)
Paulo se encontra prisioneiro em Roma e, da Ásia Menor, chega a Roma para visitá-lo Epafras, o grande apóstolo que fundou, mantém e encoraja diversas comunidades daquela região. As notícias que traz são alarmantes: os cristãos se deixaram seduzir por estranhas doutrinas. Acreditam que os céus estejam sendo povoados por entidades, por espíritos que governam o universo; acreditam que sejam dotados de uma força misteriosa que pode influenciar a vida inteira das pessoas; estão apavorados e até acreditam que sejam superiores ao próprio Cristo.
Paulo escreve aos colossenses e lhes recomenda divulgar a sua carta também nas comunidades vizinhas (Col. 4,16). Começa entoando um hino a Cristo; na primeira parte (vers.15-17) celebra a primazia de Cristo sobre toda a criação. Na segunda parte (vers.18-20) proclama que Cristo é também o primeiro na nova criação porque ele foi o primeiro a vencer a morte e a abrir, para todos, o caminho para Deus. Este submeteu ao poder de Cristo os Tronos, as Dominações, os Principados, as Potestades (assim eram denominados os misteriosos espíritos que lhes incutiam tanto pavor).
Os cristãos das nossas comunidades continuam tendo problemas semelhantes. Não venceram o medo dos maus espíritos. Há ainda muitos que acreditam em superstições, em tabus, em feitiços, em trabalhos e, por isso, recorrem a rituais mágicos. Serão essas crenças compatíveis com a fé na vitória e no domínio de Cristo sobre todas as coisas?