Paulo Florêncio da Silveira Camargo
por Prof. Luís Roberto de Francisco
A história paulista deve um monumento a Paulo Florêncio da Silveira Camargo: padre por vocação, monsenhor por reconhecimento, historiador por mérito, cabreuvano de nascimento, ituano de paixão! Há cinquenta anos desapareceu da vida da sua paróquia após quatro décadas de zelo pastoral: igreja na Bela Vista, dedicada ao Divino Espírito Santo. Lá era o padre Paulo. Para nós, historiadores, foi o pesquisador incansável que deixou mais de trinta obras, maioria resultado de pesquisa inédita em documentos dos quais extraiu informações da complicada caligrafia dos séculos XVII e XVIII.
Antes do padre Paulo pouco se conhecia sistematicamente da história da Igreja em São Paulo, seus bispos e irmandades, a organização da vida religiosa desde a fundação da vila de Piratininga. Ele é que nos ofereceu a primeira biografia do cacique Tibiriçá e a história de Santana de Parnaíba, matriz cultural do interior paulista. Tratou também da Bandeira de Nicolau Barreto, da qual saiu Domingos Fernandes, em 1604, para a fundação de Itu.
Em 1960, em palestra na rádio tratou dos primórdios de nossa cidade, inclusive corrigindo dados da obra de Francisco Nardy Filho. Esse texto foi publicado pela ACADIL em maio de 2022, homenagem ao patrono da Cadeira 09.
A obra mais importante de sua lavra, porém, é “A Igreja na História de São Paulo”, em sete grossos volumes publicados em 1953, obra rara que merecia republicação. É claro que a sua visão de história não cabe mais em nossos dias. Ele glorificava personagens e exaltava lideranças deixando de lado a gente pobre e miúda… preocupações daquele tempo. Mas é uma fonte importante para se entender o papel da Igreja quando unida ao Estado, colaborando na administração dos lugares. O último dos sete volumes é a biografia de Dom Antonio Joaquim de Melo (1791 – 1861) o bispo ituano reformador do clero. São quatrocentas páginas de informações, documentos, fontes únicas para pesquisa.
Outro texto é a biografia do bispo José de Camargo Barros, natural de Indaiatuba, que viveu em Itu e governou as dioceses do Paraná e São Paulo, respectivamente. Trata-se de um volume abundantemente informativo sobre a história desses lugares, da organização política e religiosa e da vida e obra do clérigo que morreu em um naufrágio na Espanha. Este trabalho é inédito e está pronto para publicação, aguardando apoio cultural para sua primeira edição.
Paulo Florêncio nasceu a 25 de janeiro de 1896 em Cabreúva e morreu em São Paulo a 27 de novembro de 1972. Estudou no Colégio São Luís de Itu e foi ordenado padre em 1921. Foi biógrafo do padre Taddei, que o encaminhou ao sacerdócio. Também escreveu a história do seu sobrinho, Dom Manoel da Silveira D’Elboux que ele mesmo levou ao seminário e se tornou notável Arcebispo de Curitiba.
O volume sobre Mons. Paulo Florêncio, da série “Patronos” da ACADIL, com texto do confrade Valdemar Alves de Camargo e minha modesta participação será divulgado em celebrações neste mês, em Itu, Cabreúva, Santana de Parnaíba e São Paulo, cidades em que viveu.