29º Domingo do Tempo Comum

Diác. Edson Moura
Ordinalato Militar do Brasil – Capela do Regimento Deodoro – 2º GAC – (Quartel de Itu)
“Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”
Evangelho (Lc 18,1-8)
O Evangelho sugere que Deus não está ausente nem fica insensível diante do sofrimento do homem, descobrimos que Deus nos ama e que tem um projeto de salvação para todos e essa descoberta só se pode fazer através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus.
Mais uma vez no Evangelho de São Lucas, estamos a caminho de Jerusalém, e Jesus conta uma parábola com sentido escatológico, ou seja, já fala de sua segunda vinda, lembrando que o Evangelho de São Lucas foi escrito por volta do ano 80, e os cristãos esta sendo perseguidos e sofrem pela hostilidade de judeus e pagãos, portanto os cristãos estão inquietos e desanimados, e aguardam ansiosamente a segunda vinda de Jesus, pela intervenção definitiva de Deus castigando os maus, o que não é diferente hoje em nosso tempo.
A parábola de hoje tem uma aplicação teológica, cercada de dois personagens centrais: de um lado a viúva pobre e injustiçada e de outro um juiz que não temia a Deus e nem os homens. A insistência da viúva em pedir justiça à sua causa, faz com que este juiz duro e insensível resolva a sua causa para que a mesma pare de o importunar. São Lucas conta esta parábola com certeza para uma comunidade de seu tempo desanimada, perseguida e sentindo-se desamparada, e nos ensina que Deus está sempre atento as nossas necessidades e nosso sofrimento, diferente deste juiz iniquo Deus é misericordioso e amoroso , e nos ensina são Lucas que devemos manter este relacionamento de oração constante com Deus, pois o seu tempo não é o nosso tempo, e no tempo correto previsto, Ele intervirá, ou seja, devemos ter paciência e confiar no projeto de Deus, que é de salvação para todos.
Muitas vezes em nosso desespero e falta de confiança, nos perguntamos diante de tantas maldades, de tantas doenças, de tanto sofrimento, principalmente dos mais pobres e desfavorecidos, porque Deus não intervém e coloca um ponto final neste sofrimento?
É isso que São Lucas responde neste Evangelho, que apesar de tanta injustiça, de tantos mandos e desmandos, de o ser humano querer construir o mundo sem Deus, Ele não está alheio ao nosso sofrimento e as injustiças, pelo contrário sofre como nós e espera a conversão do homem, nos pede paciência e nos exorta a manter-nos em oração, para que possamos compreender os seus planos e nele inserido, contribuir com a construção do Seu Reino.
O diálogo que mantemos com Deus na oração, não pode ser um diálogo de desconfiança, desespero, revolta ou descontentamento, pois isso não seria fidelidade e sim da certeza de que a ultima palavra é sempre Dele e que no momento oportuno conseguiremos enxergar o seu amor e sua misericórdia em todos os atos em favor de cada um de nós.
A oração não é uma fórmula mágica e automática para levar Deus a nos fazer as “vontadinhas”… Muitas vezes, Deus terá as suas razões para não dar muita importância àquilo que Lhe pedimos: às vezes pedimos a Deus coisas que nos compete a nós conseguir (por exemplo, passar nos exames); outras vezes, pedimos coisas que nos parecem boas, mas que a médio prazo podem roubar-nos a felicidade; outras vezes, ainda, pedimos coisas que são boas para nós, mas que implicam sofrimento e injustiça para os outros… É preciso ter consciência disto; e quando parece que Deus não nos ouve, perguntemos a nós próprios se os nossos pedidos farão sentido, à luz da lógica de Deus.