Diretor espiritual de vida consagrada
“Que grande felicidade viver à sombra do tabernáculo do Senhor, viver sempre diante de Jesus Cristo Sacramentado”. Assim o P. Taddei, em carta, definiu os prazeres da vida consagrada às Irmãs do Conventinho, que ele fundou e dirigiu em Itu.
Logo que chegou à nossa cidade, Taddei encontrou uma comunidade de doze senhoras que louvaram a Deus pelo cumprimento de uma profecia. Havia cinquenta anos experimentavam a vida de recolhimento, mas sem direção espiritual. Quando se reuniram, foram orientadas pelo padre José de Campos Lara, antigo jesuíta. Já velho, ele pediu que aguardassem outros membros da Companhia de Jesus que viriam para lhes dirigir as almas. Meio século se passou.
No Brasil daquele tempo não havia mais conventos, porque a suspensão dos noviciados, pelo governo liberal, liquidara com a vida religiosa. Inicialmente Taddei aplicou às Irmãs os Exercícios Espirituais de Santo Inácio e, na festa do Natal de 1868 entregou-lhes o hábito, oficializando um regime de clausura. Assumiu assim a direção espiritual do Conventinho, nome como era (e ainda é) conhecido o antigo Recolhimento de Nossa Senhora das Mercês, atualmente integrado à Ordem Concepcionista.
Notando carência de regras, escreveu para elas um regimento para organização e boa convivência da comunidade, incluindo atribuições de ofícios, da regente (madre) à cozinheira. Orientou-as ao serviço espiritual, para que dedicassem sua energia vital à meditação e espiritualidade, a fim de estarem mais próximas de Jesus. Exortou-as a “atender, com a divina graça, à salvação e perfeição de suas almas, procurando alcançar todas as virtudes até chegar à união mais íntima com Nosso Senhor.” Passaram a ser chamadas Irmãs do Santíssimo Sacramento, Filhas do Coração de Jesus.
Quando conseguiu recursos, o padre Bartolomeu Taddei incentivou a construção da capela do convento (1874), inaugurada solenemente em 1877 pelo bispo Dom Lino Deodato.
Presença constante na comunidade, ele colaborava na solução de problemas maiores. Certa vez, o pai de uma jovem tentava invadir o convento e tirar a filha à força. Não concordava com seu projeto de vida. Padre Taddei protegeu o convento e afastou o pai intruso.
Durante as epidemias, comuns àquele tempo, tirava as Irmãs da cidade, levando-as a fazendas. Longe do contágio, pregavam o catecismo aos escravos e promoviam a caridade entre eles. Fato notável se deu durante a Febre Amarela (1892). Uma das Irmãs passava muito mal, com vômitos constantes, em perigo de morte. Porém, ao receber a bênção do Padre Taddei ficou praticamente restabelecida.
O seu envolvimento com o Apostolado da Oração em nível nacional, porém, o afastava de Itu. Em 1898, designado para missões no Nordeste, depois de trinta anos, teve que pedir dispensa da capelania.
A pedido do padre Taddei, as Irmãs do Conventinho confeccionaram os primeiros bentinhos e fitas de zeladoras e escreveram, manuscritos, os primeiros bilhetes mensais do Apostolado.
Taddei deu hábito a quarenta e seis religiosas, um dos primeiros conventos de clausura na renovação do Catolicismo no Brasil.