Em carta à Igreja no Brasil, CNBB anuncia caminho sinodal para construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) serão construídas num caminho sinodal. É o que foi decidido pelos bispos durante a etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro, em Aparecida (SP).
Em carta à Igreja no Brasil, foi divulgado o processo que se estenderá até 2025 para a construção das novas Diretrizes. Será um caminho de escuta, com a incorporação da síntese das respostas diocesanas para o Sínodo 2021-2023 e de outras contribuições. Em 2023, haverá um tempo de discernimento; em 2024, a recepção do documento final do Sínodo e, no ano seguinte, será apresentada a nova redação do texto.
Para as atuais DGAE estava previsto o processo de atualização no próximo ano, quando será concluído o quadriênio iniciado em 2019. Mas a escolha foi pela continuidade do processo de escuta e a incorporação dos resultados do Sínodo, cuja assembleia será em 2023.
“Em estilo sinodal e com estruturas que garantam maior comunhão e participação de todo Povo de Deus, reconhecemos a validade das atuais Diretrizes e propomos um itinerário que aprofunde e integre os desafios dos novos contextos. Cremos que, conhecendo-o, poderemos assumi-lo com mais empenho e alegria, como uma construção coletiva e dele participarmos deforma solidária, ativa e corresponsável”, afirmam os bispos na carta.
Igreja sinodal
A sinodalidade, inclusive, é convicção sobre o caminho desejado por Deus para a Igreja do Terceiro Milênio. Assim, os bispos afirmam o “compromisso de construir uma Igreja decididamente sinodal”.
“Nossa Igreja no Brasil tem sido construtora e testemunha de um processo amadurecido e consistente de discernimento e assimilação do caminho de renovação e empreendido, como fruto do Concílio Vaticano II, um processo marcado por desafios, aprendizados e superações. Reafirmamos nosso compromisso eclesial com a continuidade deste caminho e a convicção de que, entre nós, não há espaços para retrocessos. Precisamos avançar e construir caminhos novos, conscientes de que caminhar juntos exige de todos nós: mais fraternidade e menos rivalidade; mais partilha e menos egoísmo; mais cooperação e menos competição; mais sentido da vida cristã em comunidade (“diocesaneidade”) e menos individualismo na vivência da fé; mais abertura à escuta e ao diálogo e menos imposição das próprias ideias e decisões; mais flexibilidade e menos resistência à ação do Espírito Santo; menos medo e mais ousadia e profetismo para assumir os riscos do testemunho da fé”.
O processo
O primeiro passo é o prolongamento do exercício da escuta: serão acolhidas a síntese das respostas ao Sínodo sobre a Igreja Sinodal apresentadas pelas dioceses, as reflexões oferecidas pelos bispos e pelos organismos do Povo de Deus na 59ª Assembleia Geral da CNBB e outras contribuições que forem aportadas.
Para 2023, a proposta da CNBB é a vivência de um tempo de discernimento que se desdobre na compreensão de conceitos presentes nas Diretrizes, na apresentação concreta de metodologias e indicações pastorais, à luz das Constituições principais do Concílio Vaticano II.
Em 2024, a ideia é que a Igreja no Brasil dedique-se à recepção e aprofundamento das indicações do documento final do Sínodo 2021-2023, e à oração, como preparação imediata ao Jubileu Ordinário de 2025.
Já em 2025, no contexto do Jubileu, será apresentada na 62ª Assembleia Geral da CNBB, a nova redação do texto das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, fruto maduro de todo esse nosso percurso paciente e participativo.
Nestes últimos anos, iluminados pelo texto de Atos 2,42, traduzido criativamente na imagem da casa e seus pilares, as atuais Diretrizes nos desafiam com sua proposta central de fortalecimento e capilarização em Comunidades Eclesiais Missionárias – CEM. Não obstante os desafios enfrentados, sobretudo aqueles advindos do drama da pandemia, muitos frutos temos a apresentar do percurso feito até agora, em resposta às orientações oferecidas pelas últimas Diretrizes. Sentimos a ação do Espírito a nos conduzir, suscitando autênticas experiências de conversão pastoral em nossas Igrejas particulares. Mas, com certeza, precisamos avançar!