17º Domingo do Tempo Comum
por Valdeci Florentino dos Santos
Paróquia Nossa Senhora Aparecida
O tema fundamental que a liturgia nos convida a refletir, neste domingo, é o tema da oração.
Continuamos, ainda, nesse “caminho de Jerusalém” quer dizer, a percorrer esse caminho espiritual que prepara os discípulos para se assumirem, plenamente, como testemunhas do Reino.
O texto que hoje nos é proposto nos apresenta Jesus a orar ao Pai e a ensinar aos discípulos como orar ao Pai. Não se trata tanto de ensinar uma fórmula fixa, que os discípulos devem repetir de memória, mas de propor um “modelo”.
Como é que os discípulos devem, então, rezar? Lucas se refere a dois aspectos que devem ser considerados no diálogo com Deus. O primeiro diz respeito à “forma”: deve ser um diálogo de um filho com o Pai; o segundo diz respeito ao “assunto”: o diálogo incidirá na realização do plano do Pai, no advento do mundo novo
A forma como Jesus Se dirige a Deus mostra a existência de uma relação de intimidade, de amor, de confiança, de comunhão entre Ele e o Pai (de tal forma que Jesus chama a Deus “papá”); e Ele convida os seus discípulos a assumirem uma atitude semelhante quando se dirigem a Deus… É essa a atitude que eu assumo na minha relação com Deus? Ele é o “papai” a quem amo, a quem confio, a quem recorro, com quem partilho a vida, ou é o Deus distante, inacessível, indiferente?
A minha oração é uma oração egoísta, de “trecho” ou é, antes de mais, um encontro, um diálogo, no qual me esforço para escutar Deus, por estar em comunhão com Ele, por perceber os seus projetos e acolhê-los?
A minha oração é uma “negociata” entre dois parceiros comerciais (“dou-te isto, se me deres aquilo”) ou é um encontro com um amigo de quem precisa, a quem amo e com quem partilho as preocupações, os sonhos e as esperanças?
Nós não pedimos a mesma coisa a um pai, a um filho, a um amigo, a um vizinho, ao chefe da empresa. A oração se dirige a Deus que chamamos “Pai” (“Abba” em aramaico, palavra cuja melhor tradução seria “Paizinho querido”). Não se trata de pedir qualquer coisa sem mais ao nosso Pai. Jesus indica-nos os objetos do nosso pedido. Primeiro, que Deus seja reconhecido como Deus e que o seu projeto de amor sobre o mundo seja posto em ação. Em seguida, pedimos-lhe aquilo que é vital para nós: o alimento para viver, o perdão para amar, a liberdade para permanecer de pé. Eis os pedidos essenciais. Então, não hesitemos em insistir de todos os modos: se. Lhe pedimos isso, Ele não pode ficar surdo.
Como se fosse a primeira vez… Como os discípulos, coloquemo-nos sem cessar na escola de Jesus para rezar. Reaprender d’Ele o sentido e a força das palavras que Ele nos deixou. Repeti-las, saboreá-las e deixar que elas nos transformem… Nesta semana, procuremos rezá-las como se fizéssemos uma primeira descoberta recebendo-as da própria boca de Jesus. Rezar o Pai Nosso como se fosse a primeira vez…
Amém!