Solenidade de São Pedro e São Paulo
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por Nilo Pereira

Sugerimos que antes de lerem os comentários, façam as leituras na Bíblia

1ª Leitura (Atos dos Apóstolos 12,1-11)
Não é difícil acreditar na providência quando Deus mostra tanta solicitude nos confrontos dos seus servos fiéis. Mas por que não se comporta deste jeito também hoje? Por que, enquanto os justos sofrem injúrias e vexames ele, do céu, parece assistir impassível? São as perguntas que fazemos na festa destes dois santos mártires.
Herodes Agripa obteve do amigo Calígula (imperador romano) o reino que pertencera a seu avô Herodes, o Grande. Deve tornar-se simpático ao povo judaico e começa a perseguir os cristãos (malvistos pelo povo porque não observam escrupulosamente as leis e não mantém distância dos pagãos). Prende Pedro cuja execução já está marcada para a semana depois da páscoa, quando Jerusalém fervilha de peregrinos ligados às tradições. O efeito demagógico está assegurado.
Pedro dorme e seu sono, mais que expressão de paz e de serenidade interior, é sinal de entrega total diante do extraordinário poder do mal. Quando todas as esperanças humanas se desvaneceram, eis que o Senhor intervém em favor de Pedro. O leitor desta narrativa se sente envolvido nela e é levado a concluir: “é bonito demais para ser verdade!”
Então, quem é o Anjo do Senhor, este ser misterioso que se apresenta resplandecente de luz a Pedro? A expressão “Anjo do Senhor” não indica diretamente Deus, mas seu intermediário humano. Por exemplo, quando o Senhor diz a seu povo: “meu anjo caminhará à tua frente” (Livro do Êxodo 23,20-23), não se refere a um espírito, mas a um homem concreto, a Moisés.
Devemos ser muito cautelosos ao interpretar essas “aparições”. As visões, as vozes do céu, a intervenção de personagens sobrenaturais frequentemente não são algo mais que uma linguagem humana que tem o objetivo de pôr em realce um fato, real e concreto, mas inefável: a providência, a assistência do Senhor, a luz interior que ele concede a seus fiéis.

2ª Leitura (2Timóteo 4,6-8.17-18)
Poucos meses antes de morrer, Paulo, preso em Roma, escreve ao amigo Timóteo, seu companheiro de trabalho na obra de evangelização e na formação das primeiras comunidades cristãs. Como é natural nesses momentos, ele faz um balanço de toda a sua vida. Comportou-se – diz – como quem participa de competições esportivas no estádio.
Os atletas que devem lutar ou correr não se negam a nenhum sacrifício, submetem-se a renúncias, esforçam-se ao extremo para vencer. Paulo está convencido de ter agido como eles; gastou todas as suas energias pela causa justa, pelo Evangelho: “combati o bom combate, terminei minha carreira, conservei a fé!” (vers.7).
Pedro e Paulo nos mostraram com que dedicação, com que desinteresse, com que amor, com que coragem deve ser desenvolvido o ministério do anúncio do Evangelho. São exemplos para os mensageiros e ministros da Palavra nas nossas comunidades da atualidade.