Pe. Robert Bannwarth
Compartilhe

A Missão Romana dos jesuítas, após quarenta anos de presença no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, aceitou vocações vindas de diversos países da Europa para fortalecer o grupo de sacerdotes italianos, afinal boa parte dos padres já estava em idade avançada. Nestas condições as Escolas Apostólicas, espécie de seminário menor, distribuídas em vários pontos da Europa, formavam candidatos à vida religiosa e missionária.

Em 14 de agosto de 1899 o Noviciado jesuíta instalado em Campanha (MG), recebeu o jovem Robert Bannwarth, natural de Obermorschwir, na Alsácia alemã. Nascido a 1 de junho de 1881, estudara com os jesuítas em Little Hampton, na Inglaterra. A escolha pelo Brasil era inspiração nos antigos missionários que povoavam o imaginário civilizatório da educação europeia, idealizando a conversão de indígenas. Após oito anos de formação – três em Roma estudando a Filosofia na Universidade Gregoriana – Bannwarth retornou ao Brasil para um ano de trabalho junto ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em Santos, quando teve o privilégio de conviver com o padre Taddei.

Em 1907 encontramos o mestre Robert em Itu, lecionando línguas latina, germânica e inglesa aos alunos mais adiantados e catecismo aos mais jovens; em 1910 também se ocupava de ensinar História do Brasil no curso preliminar. Em seu último ano em Itu foi responsável pelo observatório meteorológico do colégio São Luís, uma preciosidade científica no modelo excessivamente literária do método dos jesuítas.

 

Em 1913 Bannwarth foi para a Holanda estudar Filosofia e Teologia no Colégio Santo Inácio em Valkenburg, onde foi ordenado padre em 1915. Convocado pelo governo francês para servir junto ao exército durante a I Guerra Mundial, somente em 1920, acabado o conflito e seu serviço militar, é que retornou ao Brasil. Foi professor no Colégio Santo Inácio e novamente no São Luís, já instalado em São Paulo.

Em 1928 o padre Robert Bannwarth assumiu uma das mais importantes funções da Companhia de Jesus, a de Mestre de Noviços, ou seja, diretor espiritual dos jovens que estão ingressando na Ordem e precisam de bom exemplo como religioso, sugestão de boas leituras, tarefas que se somam à caridade e paternidade diante de moços que deixaram tudo para seguir um projeto de vida de renúncias. Foram dezessete anos em Nova Friburgo e por ele passaram centenas de jovens, muitos deles atuantes jesuítas ainda no final do século XX.

Após um ano como capelão na igreja de Nossa Senhora do Bom Parto, mudou radicalmente de função: passou quatro anos como missionário no sertão do Mato Grosso, em Diamantino, inclusive em comunidades indígenas.
Os últimos anos de vida útil, Bannwarth passou no Rio de Janeiro e em São Paulo pregando retiros. Em 1964 recolheu-se na casa de Itaici, dada a sua adiantada cegueira, rezando pelas missões. Faleceu aos noventa e dois anos, em 31 de julho de 1973, festa de Santo Inácio de Loyola.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”