3º Domingo da Páscoa – Leituras Iniciais
por Nilo Pereira
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Atos dos Apóstolos 5,27b-32.40b-41)
A comunidade cristã, desde os primeiros anos de sua vida, teve que enfrentar a oposição dos líderes espirituais de Israel. Procuremos entender a situação: Cristo foi um homem incômodo para os detentores do poder político ou religioso; os apóstolos, da mesma forma, foram incômodos para as autoridades constituídas e por isso foram perseguidos.
Em nossos dias, os cristãos autênticos também não podem deixar de ser pessoas impertinentes. Eles sempre deram e continuarão dando aborrecimentos aos que propugnam e defendem situações injustas, incompatíveis com o Evangelho. Sempre perturbaram e continuarão perturbando os que querem perpetuar tradições intoleráveis, nocivas à dignidade do homem e da mulher. Nunca deixarão sossegados os que pretendem codificar praxes que constituam violação dos direitos da pessoa.
Proponhamo-nos uma questão: os membros das nossas comunidades obedecem a Deus ou aos homens (vers.29)? Não há os que se deixam influenciar pelo medo ou por algum “arranjo” com as autoridades?
A segunda parte da leitura (vers.30-32) contém um breve discurso que resume toda a mensagem cristã sobre a ressurreição. Pedro, de forma dramática, contrapõe a ação de Deus à das autoridades religiosas judaicas.
Talvez em boa fé, também hoje os homens podem repetir o mesmo erro. Para defender aquela que julgam ser a verdadeira religião, a boa ordem social, as sagradas tradições dos antepassados, movem perseguição contra aqueles que querem construir um mundo novo, mais justo, uma vida comunitária mais conforme o Evangelho.
2ª Leitura (Apocalipse 5,11-14)
No começo do capítulo 5 do Livro do Apocalipse, o autor apresenta um quadro solene e grandioso: o Cordeiro que foi imolado se aproxima do trono de Deus, toma da sua mão direita o livro e rompe os selos. O significado desta visão é claro: o Cordeiro, isto é, Jesus é o único que pode abrir o livro no qual se encontra a resposta às questões mais misteriosas do coração do homem – por que a vida, por que a morte, e depois da morte?. Só ele pode iluminar os acontecimentos da história, dar um sentido a tantas angústias.
Neste ponto começa a passagem que é retomada na nossa leitura. Os anjos, todos os seres vivos, todos os membros do povo de Deus, felizes e cheios de gratidão ao Cordeiro que, com sua morte e ressurreição, iluminou os mistérios mais profundos da vida do homem, unindo suas vozes num hino de júbilo. A este louvor proclamado pelos seres inteligentes, unem-se também as criaturas inanimadas (vers.13). Que sentido tem tudo isso?
O hino da criação revela que todas as criaturas foram finalmente libertadas da escravidão do pecado, pois quando eram utilizadas pelo homem para o mal, eram escravas. Só depois que o sacrifício do Cordeiro transformou o coração do homem, todas as criaturas estão finalmente a serviço do bem. Para elas também chegou a redenção: por isso exultam de alegria.