CF 2022: Escutar
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A Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 32,26), tem a proposta de promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Em seu texto-base, aborda o tema sob os aspectos de “Escutar”, “Discernir” e Agir”. Neste texto, trataremos do assunto sob o aspecto do “Escutar”, no qual se busca perceber a realidade da Educação no Brasil.
De acordo com o documento, “Escutar” é mais que ouvir. “Escutar” está na linha da comunicação, enquanto “ouvir” está na linha da informação. O que escutamos e como escutamos orienta o nosso agir cotidiano. Escutar a realidade que nos fala é recuperar a percepção dos sinais dos tempos. Para saber escutar o todo é necessário não se perder diante de tudo.
A pandemia da Covid-19 nos trouxe novos ensinamentos, compromissos e aprendizados para o presente e o futuro. Durante a pandemia vivemos a crise das informações e das notícias sobre a realidade vivenciada. Há informações que fortalecem e confirmam os preconceitos. Há informações que transmitem novos conhecimentos e soluções aos problemas ou geram iniciativas de proximidade, escuta, cooperação e fraternidade.
A pandemia inaugurou um tempo novo, resultado do tempo atual de aceleração dos processos sociais, tecnológicos e políticos. Descobrimos que, para viver é preciso saber conviver com o imprevisível e com as ambiguidades da vida. A cultura do encontro deve nos motivar a romper o preconceito, o ódio e a indiferença, indo ao encontro do outro com criatividade, derrubando muros e construindo pontes de solidariedade e esperança.
No pós-pandemia, um projeto de vida e um projeto de sociedade devem ser retomados. A reconstrução é sempre recorrente em momentos de superação das grandes crises que neste momento acentuam mais as desigualdades.
O papel da educação diante desse contexto é a formação humana. Também durante a pandemia precisamos pensar novas formas de educar a partir da realidade das pessoas para viver em comunhão, na fraternidade e na esperança. Necessitamos dar atenção aos impactos e consequências que a pandemia nos trouxe.
Os pais são os primeiros educadores dos filhos, mas não os únicos. A fraternidade e a amizade social também são contextos educativos. As novas tecnologias hoje são educacionais e muitos dos novos desafios são vivenciados pelas novas realidades virtuais. A educação formal ou informal, presencial ou virtual, devem promover a liberdade da pessoa humana. Educar é humanizar. A educação é um ato de amor e esperança no ser humano.
No Brasil, a educação formal teve avanços nos últimos anos, mas ainda enfrenta desafios estruturais. Existe uma dívida histórica de escolarização da população, em relação aos setores mais populares da sociedade. Apenas 51% da população com mais de 25 anos concluiu a Educação básica no Brasil. Também há uma desigualdade na qualidade de educação oferecida, pois as oportunidades na educação não são iguais para todos.
As escolas católicas inserem-se na missão salvífica da Igreja por meio da educação da fé. Enquanto comunidades educativas integrais e integradoras, são lugares de encontro realizando a síntese entre fé, cultura e vida com a proposta de um humanismo integral. A educação particular nunca deve ser vista como mercadoria que visa o resultado econômico.
Os professores e gestores, na sua missão de educadores, devem produzir uma educação humanizadora eficiente e eficaz que supere a exclusão social, de maneira especial na pandemia da Covid-19, em tempos da tecnologia digital.
O Ensino Religioso, facultativo mas parte integrante da formação básica do cidadão, deve assegurar a diversidade religiosa e cultural, sendo vedadas as formas de proselitismo.
O documento conclui o “Escutar” afirmando que a Educação no Brasil é um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado e da família. Todavia existem muitos desafios para a educação de qualidade nos diversos contextos sociais e culturais do país que possam promover o bem viver.
(com informações do Portal Xaverianos Brasil)