2º Domingo da Quaresma – Leituras Iniciais
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (Genesis 15,5-12.17-18)
O que significa “Abraão acreditou em Deus”? Muitos afirmam “acreditar em Deus” porque estão convencidos de que ele existe.
Quando uma mulher declara que acredita no meu marido, com certeza não quer dizer simplesmente que tem certeza que ele existe. As suas palavras revelam uma confiança sem limites sobre a sua fidelidade, dedicação e seu amor, permanecendo na sua convicção de ser amada por ele, embora as aparências a induzam a pensar o contrário.
A leitura de hoje revela a resposta do Senhor à fé de Abraão: depois de ter feito a sua promessa, Deus cumpre um rito para sancioná-la.
Segundo os costumes dos antigos povos da Mesopotâmia (terra de Abraão, atual Iraque), quando alguém queria estabelecer uma aliança, ao fazer uma promessa muito comprometedora, era realizada esta cerimônia: tomava-se um animal que era esquartejado; as pessoas envolvidas no juramento de fidelidade passavam entre os pedaços da carne, pronunciando esta fórmula: “Se eu quebrar a aliança aconteça-me o mesmo que aconteceu a este animal”.
Na segunda parte da leitura (vers.9-17) se diz que Deus quis confirmar as suas palavras cumprindo este rito de aliança e exige que Abraão mate alguns animais e coloque as suas carnes nos dois lados de uma vereda. Em seguida, como uma chama de fogo, ele passou no meio das vítimas.
Abraão não passou no meio das carnes dos animais. As promessas de Deus feitas ao homem são sempre inteiramente gratuitas, Ele é como o marido fiel e generoso que repete para a sua mulher: “mesmo que tu me atraiçoes, eu te amarei em qualquer circunstância e sempre”.
2ª Leitura (Filipenses 3-17-4,1
Quando ouvimos falar dos “inimigos de Cristo” talvez sejamos levados a pensar nos ateus, nos membros de seitas religiosas, nas pessoas devassas. Mas no trecho da carta de Paulo que lemos hoje, os “inimigos de Cristo” são, ao invés, alguns cristãos da comunidade de Filipos. Estes – diz o apóstolo – “consideram como deus o próprio ventre, para eles a própria ignomínia é causa de vaidades e só têm prazer no que é terreno” (vers.19).
Mas nem tudo o que se nos apresenta como vida o é de fato. Por exemplo: a vida voltada exclusivamente pelo prazer a qualquer custo, aos divertimentos, às imoralidades, aos excessos e à embriaguez parece vida, mas em verdade é morte, é destruição da vida.
O que devemos fazer para ser “amigos da cruz de Cristo?” Devemos sofrer, fazer obras de penitência, sacrifícios, renunciando a tudo que é agradável? “Mortificar-se” significa “submeter-se à morte” e todos nós queremos viver, não morrer. A morte, sob qualquer forma que se apresente, sempre aparece para nós como um mal.
Os amigos da cruz de Cristo renunciam a esta forma de vida egoísta, pois sabem que são como estrangeiros nesta terra, viajantes nômades como Abraão, a caminho de uma nova realidade.