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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia

1ª Leitura (Deuteronômio 26,4-10)
A necessidade de manifestar a própria gratidão levava os israelitas a oferecer ao Senhor as primícias de suas lavouras. Na primavera, quando o trigo já estava maduro e os pomares começavam a produzir os seus frutos, eles recolhiam num cesto os primeiros produtos e os levavam ao sacerdote do templo.
Neste ponto começa o trecho que lemos na primeira leitura: o sacerdote recebia o cesto, colocava-o diante do altar do Senhor, e o piedoso agricultor israelita fazia a sua profissão de fé. Nela recordava os principais acontecimentos da história do seu povo, dizendo: “meu pai Jacó era um arameu errante…..”(vers.5).
Com esta cerimônia e com estas palavras os israelitas proclamavam a fidelidade de Deus às suas promessas e reconheciam que a sua vida dependia totalmente da Sua generosidade; tudo o que possuíam era um presente de Deus.
E o que faziam com essas primícias? Os frutos oferecidos no templo não eram queimados no altar, eram consumidos pelos representantes de Deus: os pobres. Eram ofertados aos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. A festa só podia ser considerada bem sucedida e agradável a Deus depois que todos estes tivessem ficado saciados.
Este trecho do Deuteronômio nos lembra que não é suficiente a profissão de fé, uma religião constituída de belos ritos, belos cânticos, palavras bonitas; é necessário que, como resultado das nossas orações, os pobres possam se mostrar alegres.

2ª Leitura (Romanos 10,8-13)
Nesta leitura, como também na primeira, exige-se fazer uma profissão de fé. O camponês que apresentava as primícias do seu campo, proclamava diante do altar e do sacerdote do templo, as grandes obras que o Senhor tinha realizado em benefício do seu povo.
Da mesma forma o cristão – ensina Paulo – á chamado a anunciar a todos os homens o sinal mais sublime da benevolência de Deus, a maior obra de salvação cumprida por ele: a ressurreição de Jesus. A fé neste Deus que veio ao encontro dos homens, deve ser proclamada de duas formas: com o coração e com os lábios.
“Com o coração” quer dizer com a vida. A fé em Cristo deve produzir uma vida completamente nova. O apóstolo, porém, ensina que a fé deve ser também manifestada “com os lábios”, pois o “Creio” pronunciado junto com os irmãos torna possível unir a própria voz à voz deles. Quem tem consciência de pertencer a um povo de fiéis e manifesta também externamente esta sua realidade, por meio de sinais, gestos e palavras, sente-se mais estimulado a seguir Cristo.
E não é só isto. É mesmo impelido a eliminar qualquer “distinção” que possa existir por motivo de raça, etnia, riqueza e cultura devidas à condição social e econômica, às características pessoais de cada um. Sentimo-nos realmente cristãos, todos com a mesma dignidade?