Pe. Louis Manière
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A educação proporcionada pelos colégios da Companhia de Jesus, ao tempo da Missão Romana, atendia a interesses e propósitos absolutamente extemporâneos ao mundo atual. O método utilizado pelos jesuítas para a educação, o Ratio Studiorum, desenvolvido nos primeiros séculos da vida da Ordem, tempo do Renascimento Cultural, evocava um tanto de literatura clássica, retórica, decoração de longos poemas e discursos em latim e grego. Essa prática, no entender de Inácio de Loyola e seus sucessores na direção da Companhia de Jesus, estimulava a capacidade de emulação, ou seja, de superação de si mesmo ou de seus colegas. A competição permitia que os alunos aprendessem tanto da cultura clássica que seriam capazes, através da facilidade com idiomas, de dominar outros setores do conhecimento. No fim de tanto aprendizado, os alunos sabiam traduzir Cícero e Virgílio mas não eram capazes de tomar um trem para voltar para casa, afinal, o regime de internato deixava-os completamente distantes do “mundo real”.

Para manter centenas de jovens sob a rígida disciplina era necessário que os mestres se impusessem aos estudantes, nas salas de aula, nas salas de estudo, na igreja ou no refeitório. Divididos pela idade (menores, médios e maiores), os alunos que frequentaram o Colégio São Luís circulavam em grupos que não se encontravam além das orações da manhã e no refeitório.

Aos mestres cabia a árdua tarefa de manter silêncio, dar bons exemplos, estimular os estudos, orientar bibliografia, mostrar bela caligrafia, boa dicção com a língua latina e piedade.

Na memória do Colégio São Luís ficou a passagem do jovem estudante francês Louis Manière, que esteve em Itu entre 1905 e 1910 “a quem os alunos sempre estimaram muitíssimo pela sua caridade, desvelo e perícia no vigiá-los e cuidar do bem e honra da divisão, o que manifestaram com solene academia na sua partida para a Europa”.

Pe. Louis Manière

Manière nasceu em Belves (Dordonha), região da Nova Aquitânia a 23 de abril de 1880. Frequentou a escola apostólica dos Jesuítas em Bordéus, de onde veio, em 1897, para o noviciado brasileiro da Companhia de Jesus, aberto três anos antes em Campanha. Estudou ali também humanidades e retórica. Cursou a Filosofia em Roma. Chegou a Itu em 1905, como vimos, para o trabalho pedagógico.

Em 1911 estava novamente na Europa, estudando a Teologia. Com o início da Primeira Guerra Mundial, já ordenado padre, por quatro anos interrompeu a formação para servir como capelão militar.

O padre Louis Manière só voltou ao Brasil em 1922 quando o Colégio São Luís já saíra de Itu. Viveu entre São Paulo e Nova Friburgo administrando colégios e orientando os alunos em seus estudos.

A vida de mortificações e excesso de trabalho, própria dos missionários, o consumiu. Manière passou por três cirurgias e veio a falecer aos 49 anos no dia 8 de maio de 1929. Foi sepultado no jazigo da Companhia de Jesus no cemitério do Araçá, em São Paulo.