6º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
por Nilo Pereira
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (Jeremias 17,5-8)
A leitura começa com uma afirmação clara e precisa: Maldito o homem que confia em outro homem. É fácil adivinhar a origem dessa máxima: provém da dolorosa experiência das traições, da infidelidade, das ciladas armadas até pelos amigos mais íntimos. A experiência das traições nos conduz a desconfiar e suspeitar de tudo e de todos, nos faz enxergar segundas intenções e planos egoístas encobertos até sob as atitudes mais sinceras e desinteressadas.
O significado da advertência do profeta é outro. Não depositeis a vossa confiança nos valores propostos pelos homens nos diz ele. Quem age desse modo é como um cardo (denominação de diversos tipos de plantas) plantado num solo calcinado no qual nenhum arbusto pode se desenvolver e crescer. O mundo construído sobre esses valores é como um deserto no qual é impossível habitar, é como um lugar onde não pode existir uma sociedade.
Mas não está escrito que Deus castigará os que se deixam conduzir por esses míseros valores. O profeta simplesmente constata que uma vida construída dessa maneira está fadada à ruína: de todos esses bens não sobrará nada!
A segunda parte da leitura (vers.7-8) descreve o homem abençoado, aquele que pratica “as ações” corretas, protegidas pelo Senhor. Ele se assemelha à árvore plantada perto da água: mesmo durante o período da seca, conserva as folhas verdes e produz frutos.
Acreditamos que os valores autênticos são a partilha dos bens com os irmãos, a generosidade, o serviço prestado aos outros, o perdão, a busca da reconciliação? Ainda que aos olhos dos homens possamos parecer fracassados, devemos nos considerar felizes! O bem praticado, o amor espalhado, a paz construída permanecerão para sempre!
2ª Leitura (1 Coríntios 15,12.16-20)
Para os cristãos de Corinto não havia nenhum problema a respeito da ressurreição de Cristo; as dúvidas começavam quando se tratava da ressurreição dos homens. Para esclarecer melhor o seu pensamento, Paulo se serve da comparação com as primícias (os primeiros frutos da colheita). Estes não são diferentes do resto da colheita, são simplesmente os primeiros. Cristo é como as primícias dos ressuscitados: todos os homens que morreram depois dele o acompanham e têm o mesmo destino.
Nós todos encontramos pessoas muito boas e generosas que conduzem uma vida exemplar embora não acreditem numa outra vida. Não há dúvida alguma de que essas pessoas serão acolhidas na casa do Pai e talvez até passem na frente de muitos outros que só se dizem cristãos.
Por que então deixar que alguém viva ignorando a grande notícia de que o Evangelho é um anúncio de alegria por tudo aquilo que Deus fez por nós, que Ele tem um projeto para cada ser humano, que nós não viemos do nada para voltar ao nada, que esta vida é somente uma gestação que nos prepara para o nascimento?