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por Diác. Paulo Halter
Paróquia Nossa Senhora da Candelária

“Felizes sois vós, pobres”

Evangelho (Lc 6,17.20-26)

A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo sobre as bem-aventuranças nos recorda que somos felizes por depositar nossa confiança em Deus e nossa esperança na pessoa de Jesus.
O Evangelho proclama “felizes” esses que constroem a sua vida à luz dos valores propostos por Deus e infelizes os que preferem o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência.
As bem-aventuranças iluminam as ações e atitudes que caracterizam a vida cristã e exprimem o que significa ser discípulo de Cristo. Devemos olhar como Jesus viveu estas bem-aventuranças. Os evangelhos são, do início ao fim, uma demonstração da mansidão de Cristo, em seu duplo aspecto de humildade e de paciência.
No alto do monte, Jesus tinha escolhido doze entre seus discípulos. Desceu depois em direção à multidão que o aguardava, era gente simples, humilde, sofrida pelas injustiças e que buscava conforto na Palavra de Deus.
Jesus diz, “Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. São felizes porque chegou para eles a salvação. São os desprotegidos, vítimas da injustiça, que com frequência são privados dos seus direitos e da sua dignidade.
Jesus não promete livra-los desta situação, mas promete que serão felizes apesar de todas essas tristes condições, porque poderão dar um novo sentido para sua vida confiando na misericórdia de Deus.
Infelizes, porém, serão os que confiam nas riquezas, na fartura e nas vantagens do prestigio social, no status, achando que não precisam da salvação que vem de Deus. Jesus nos aponta um caminho oposto. Ele nos revela que Deus se compadece e salva aqueles que se encontram em situação de fragilidade, pobreza e exclusão, mas que acreditam em sua Palavra.
As bem-aventuranças manifestam, numa outra linguagem, o que Jesus já havia dito no início da sua atividade na sinagoga de Nazaré: Ele é enviado pelo Pai ao mundo, com a missão de libertar os oprimidos. Jesus diz que Deus os ama de uma forma especial e quer oferecer-lhes uma vida de plena liberdade, por isso eles são “bem-aventurados”.
Nas Bem-aventuranças, Jesus não condena a riqueza, mas o mau uso dela; não rejeita as honras, mas o orgulho que despertam; Jesus não amaldiçoa o poder, mas os que dele se servem para cometer injustiça desprezando a dignidade humana.
As bem-aventuranças nos apresenta uma nova compreensão da existência, bem distinta da que predomina no nosso mundo. O anúncio libertador que Jesus traz é, portanto, uma Boa Nova que enche de alegria e amor os corações para prática da justiça misericordiosa do Reino, na promoção da defesa da vida, na solidariedade com os pobres e sofredores.
O amor verdadeiro deve penetrar todas as nossas relações. Deve ser e continuar sendo o centro de nossa resposta de fé, de cada homem e mulher, em todas as culturas e realidades humanas, pois é o amor que nos faz ter a profunda e autentica experiência divina.