Candelária: “uma paróquia de muitas devoções”
A paróquia Nossa Senhora da Candelária comemora sua padroeira e sua origem, junto com a cidade de Itu. Como a paróquia-mãe da cidade, carrega consigo hoje as características históricas do centro da cidade, que passou por muitas transformações nesses mais de quatro séculos, mas mantem vivas devoções muito antigas, como a Santa Rita de Cássia, a São Benedito e à padroeira, Nossa Senhora da Candelária.
Para o padre Francisco Carlos Caseiro Rossi, pároco da Candelária pela segunda vez, essa é uma paróquia muito diferente das demais paróquias da cidade. Por sua localização no centro da cidade, torna-se uma “paróquia de passagem”, com muitas pessoas frequentando missas e outras atividades mesmo sem residir no território paroquial.
Em entrevista ao jornal “A Federação”, padre Francisco conta sobre a importância das devoções para a ação evangelizadora, as dificuldades da dinâmica paroquial em tempos de pandemia, os desafios para a retomada e os projetos em pauta para o ano de 2022.
Jornal A Federação – Pe. Francisco, essa é a segunda vez que o senhor está como pároco na Paróquia Nossa Senhora da Candelária. Conte-nos sobre as principais características da paróquia.
Pe. Francisco – Nossa paróquia tem algumas características diferentes das demais paróquias que ficam nos bairros. Por estarmos na região central, temos muitos fiéis que vêm à missa e não são do território paroquial. É o que chamamos de “fiéis de passagem”, pois participam das missas por tradição e costume. Outra característica é com relação à vida pastoral: aqui são muito fortes as devoções e, claro, a devoção a Nossa Senhora da Candelária, que é a padroeira de Itu. Assim, diferente das outras paróquias, aqui o principal viés para realizarmos a evangelização é através das devoções, tanto na igreja matriz como nas comunidades, que têm sua peculiaridade tanto de devoção como de espiritualidade. Por exemplo, temos comunidades como Carmo, Redentorista, Conventinho e Patrocínio, que vivem a espiritualidade das suas congregações. Já o Bom Jesus e Santuário Nacional do Sagrado Coração de Jesus, Santa Rita e São Benedito, vivem a devoção. Com relação às pastorais, essas são mais ligadas aqui à Igreja Matriz. É nesse universo que a ação evangelizadora acontece em nossa paróquia.
JFA – Vivemos um momento confuso, após os picos da pandemia, ao mesmo tempo que tentamos retomar a vida. Estamos sendo surpreendidos por novos casos da doença, porém ainda estamos vivendo um período menos restritivo. Como tem sido passar pela pandemia? Qual foi o maior desafio que o senhor enfrentou?
P.F. – Com certeza foi o isolamento das pessoas. A vida comunitária se restringiu apenas às transmissões online das missas. Não tínhamos mais fiéis presentes nas atividades da Igreja. Sempre presidi as celebrações da Semana Santa com um número considerável de pessoas, principalmente aqui na Paróquia de Nossa Senhora da Candelária. Durante o auge da pandemia, tivemos que fazer isso apenas com uma equipe reduzida de celebração e transmissão. Era muito complicado subir ao altar, celebrar e ver a Igreja vazia. Sabia que estava chegando às casas dos fiéis, através da transmissão, contudo, não é a mesma coisa. Então, o maior desafio durante o pico da pandemia foi a ausência de fiéis nas missas e demais celebrações.
JAF – Durante a pandemia, a missa nos meios de comunicação digital e na televisão, tornou-se uma alternativa. Contudo, nota-se um retorno muito lento dos fiéis às Igrejas para as missas presenciais. Em sua opinião, como reverter esse processo?
P.F. – Infelizmente estamos notando um certo comodismo das pessoas. Muitas já se habitaram em “assistir à missa pela televisão, ou Internet”, e não querem mais voltar para a Igreja e participar da missa. Isso, não acontece apenas na nossa Igreja. Tenho colegas de outras denominações religiosas que também se queixam da ausência de pessoas nos cultos. Quero aqui destacar que a missa nos meios de comunicação é para as pessoas que estão enfermas, impossibilitadas de estar presencialmente na Igreja e que posteriormente são assistidas pela Pastoral da Saúde. Sei que é muito difícil reverter esse processo e não será de uma hora para outra, pois temos muitas opções de missas nos canais de televisão católicos. Cabe a nós fazermos a conscientização dos fiéis sobre a importância da presença na missa, pois pela televisão, não há Sacramento. Tem-se que fazer um processo catequético para gradualmente haver o retorno presencial das missas.
JAF – Quais são as suas perspectivas para este ano de 2022?
P.F. – As melhores possíveis. Estou muito esperançoso e otimista para esse ano, apesar deste início com esta nova variante da COVID. Com tudo, acredito que seja a última fase da pandemia e tão logo estejamos voltando nossas atividades como antes. Claro que ainda vamos ter que seguir os protocolos de segurança sanitária por algum tempo. Mas estou muito esperançoso que até o final do ano, o cenário seja o melhor possível.
JAF – E para a paróquia, o que o senhor pensa? Quais são projetos pastorais que o senhor vislumbra?
P.F. – Com a retomada das atividades como um todo, nós vamos retomar a nossas atividades paroquiais da Ação Evangelizadora. Pretendo fazer uma boa festa do Divino Espírito Santo, na Solenidade de Pentecostes, realizar o tríduo em preparação à Festa de Santo Antônio, preparar a Semana da Família em agosto, e organizar novamente o Encontro com Jesus, Maria e José, além de reestruturar algumas pastorais e organizar a criação de outras. Pretendo voltar com a novena e festa de São Miguel e dar ânimo e vida nova à nossa paróquia através de novenas e tríduos e a vida pastoral como um todo.
Comunidades
Candelária (Matriz)
A igreja mãe de Itu é a nossa Matriz de Nossa Senhora Candelária, inaugurada em 1780, onde está a imagem da padroeira da paróquia e da cidade. Nela também estão outros seis altares próprios das Irmandades dos antigos ituanos que construíram e decoraram o templo.
Atualmente, continuam atuando as irmandades de N. Sra. da Boa Morte, de São Miguel e o Círculo Católico N. Sra. da Candelária, além do Movimento Apostólico de Schoenstatt (Mãe Peregrina). Entre as pastorais, podemos destacar: Amor Exigente, Animação Bíblico-Catequética, Catequese (Batismo, Pré-Catequese, Iniciação à Eucaristia, Perseverança, Crisma, com Adultos e com os Pais), Comunicação, Liturgia e Canto Litúrgico, Matrimônio (Noivos) e Saúde. Também acolhe o Encontro com Jesus, Maria e José, os Grupos de rua e as Santas Missões Populares.
A paróquia conta com os diáconos permanentes Francisco Carlos de Moraes e Paulo Halter, que prestam assistência a todas as comunidades.
Na igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, as missas acontecem de segunda a sexta-feira, às 12h; sábado, às 19h; e domingo, às 7h, 10h e 19h.
Bom Jesus
A igreja do Senhor Bom Jesus foi inaugurada em 1765, porém guarda a memória do local da fundação de Itu, em 1610. Entre 1868 e 1992 abrigou uma residência de missionários jesuítas, dentre eles o padre Bartolomeu Taddei, que a transformou em sede nacional do Apostolado da Oração.
Atualmente, várias atividades acontecem na comunidade do Bom Jesus: entrega do Pão de Santo Antonio, Missas Votivas do Sagrado Coração de Jesus, Oração do Terço e do Rosário, encontros do Apostolado da Oração, Congregação Mariana, Grupo de Oração “Kyrios”, entre outros. Por conta da pandemia, houve uma redução na recepção às romarias ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus. As missas acontecem às quartas e sextas-feiras, às 17h30, sendo que na primeira sexta-feira do mês a missa é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus; aos sábados, às 18h; e aos domingos, às 8h30 e 18h. No primeiro domingo do mês, a missa das 8h30 também é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
São Benedito
A atual igreja de São Benedito foi construída entre 1908 e 1910 após incêndio no antigo Convento Franciscano de São Luís de Tolosa, no qual ficava, outrora, o altar dedicado ao santo. É um espaço de grande devoção popular, sobretudo da comunidade afrodescendente.
Na comunidade São Benedito são realizadas missas semanais aos domingos, às 11h. Outra atividade marcante é a Festa de São Benedito, que acontece anualmente próximo ao dia 6 de janeiro, data em que o santo é comemorado em Itu.
A comunidade também abriga a Ordem Franciscana Secular e a Pastoral de Assistência Social da paróquia, que entrega cestas básicas todos os meses às famílias em vulnerabilidade social. Em 2021, a Pastoral da Assistência Social distribuiu 700 cestas às famílias cadastradas.
Santa Rita
A capela de Santa Rita de Cássia foi inaugurada em 1726, erguida nos arrabaldes da vila por iniciativa do comerciante português Mathias de Mello Rego cuja devoção era ainda desconhecida no Brasil. Tornou-se um dos lugares de grande devoção popular em Itu.
A comunidade de Santa Rita tem como principal momento celebrativo a festa de sua padroeira, que acontece no dia 22 de maio. A comunidade conta com celebrações semanais, com missas nas quartas e sextas-feiras, às 8h.
Carmo
A igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo teve sua primeira capela erguida em 1719, posteriormente ampliada (1777) para a atual construção. No século XIX passou para a Ordem Primeira dos Frades da Província de Santo Elias que administram o templo, desde a vinda da Missão Holandesa, em 1917.
A comunidade do Convento Nossa Senhora do Carmo tem em suas atividades a marca da espiritualidade carmelita, como a Semana Carmelitana, que acontece mensalmente. Entre os diversos grupos da comunidade, destacam-se a Congregação Mariana, a Ordem Terceira, Grupo de Mães, Jovens, Coroinhas e Saber Viver (Terceira Idade).
Na igreja do Carmo, as missas acontecem de segunda a sábado, às 18h, e aos domingos, às 9h e 18h. A famosa festa de Nossa Senhora do Carmo acontece no mês de julho.
Patrocínio
A igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, templo de grande esplendor religioso-cultural, foi erguida pelo Padre Jesuíno do Monte Carmelo e inaugurada em 1820. Desde 1858 passou aos cuidados das Irmãs de São José de Chambéry. Atualmente é também lugar de devoção à Serva de Deus Madre Maria Theodora Voiron.
Ainda hoje conhecida como “Colégio do Patrocínio”, a comunidade tem uma longa história dedicada à educação. Atualmente, as irmãs de São José se dedicam a atividades de formação e assistência social, assessorando grupos religiosos e mantendo o Centro Promocional Madre Teodora, que atende 260 crianças entre 6 e 11 anos, no contraturno escolar, com formação humana e religiosa, atividades culturais, esportivas e de lazer.
A comunidade também está aberta para casamentos, encontros e retiros de grupos religiosos, além de receber visitas dos devotos de Madre Theodora. As missas, abertas ao público, acontecem de terça a sexta-feira, às 7h; aos sábados, às 16h; e aos domingos, às 7h.
Redentoristas
A capela do Mosteiro da Imaculada Conceição da Ordem Redentorista foi erguida em 1924 junto ao antigo casarão da sra. Carolina Prado da Silva Prado para servir à primeira comunidade das religiosas no Brasil. Em torno da igreja se ergueu a habitação das religiosas de clausura.
As irmãs redentoristas têm uma vida de oração comunitária e pessoal, buscando viver a simplicidade, a unidade e o amor mútuo na comunidade. Dedicam-se também às tarefas diárias de cuidados com a casa.
A “capela das Redentoristas” tem missas abertas ao público de segunda a sexta-feira, às 7h; aos sábados, às 15h; e aos domingos, às 7h.
“Conventinho”
A atual capela de Nossa Senhora das Mercês do Mosteiro Concepcionista foi inaugurada em 1968 quando da construção do novo convento, cuja memória em Itu remonta a 1825. Desde então, o templo tem servido à oração das religiosas hoje incorporadas à Ordem da Imaculada Conceição.
No “Conventinho” – como o Mosteiro Nossa Senhora das Mercês se tornou carinhosamente conhecido – as irmãs concepcionistas vivem uma vida integralmente contemplativa, voltada às coisas divinas e à união com Deus na oração. Ao longo do dia, têm vários momentos de oração pessoal e coletiva, além de cuidar das tarefas da casa. Também produzem artesanato e os famosos licores, que são vendidos na loja do “Conventinho” e ajudam nas despesas da obra.
As missas são celebradas diariamente para as irmãs. Essas e outras celebrações litúrgicas normalmente são abertas para que o público participe junto com as irmãs. Devido à pandemia, a presença do público foi suspensa, tendo sido retomada somente na missa aos domingos, às 10h.
Lar Candelária
A capela dedicada a Nossa Senhora Candelária do Asilo de Mendicidade foi erguida por iniciativa da Irmandade mantenedora do abrigo de idosos em 1926 e tinha como capelão o padre Elisiário de Camargo Barros que viveu em pequena casa ao lado dela para celebrar a missa diária.
A comunidade do Lar Nossa Senhora da Candelária tem atividades voltadas especialmente para os idosos, sendo a missa semanal, aos sábados, costumeiramente aberta também ao público externo. No entanto, em função da pandemia do coronavírus, a participação do público foi suspensa para procurar preservar a saúde dos internos. Há planos para que a celebração volte a ser aberta em breve, mas isso dependerá da melhora nas condições da pandemia.
São Luís Gonzaga (Quartel)
A atual capela militar de São Luís Gonzaga do Regimento Deodoro foi construída em 1891 pelos jesuítas, para ser igreja dos alunos do Colégio São Luís e para este fim serviu até 1917. Voltou a ser um templo em 1979, quando os militares reativaram sua função religiosa.
Mesmo estando no território da paróquia da Candelária, a “igreja do Quartel” faz parte de uma outra estrutura da Igreja: está subordinada à Capelania Militar com sede em Campinas/SP e pertence ao Ordinariado Militar do Brasil, com sede em Brasília/DF, tendo como Arcebispo Militar Dom Fernando José Monteiro Guimarães.
Por isso, a capela militar de São Luís Gonzaga tem suas atividades voltadas especialmente para os militares e seus dependentes: Batizados, Catequese de Crianças, de Adultos e de soldados incorporados a cada ano. A celebração de Matrimônios, por sua vez, é aberta também aos civis.
As missas, abertas ao público em geral, acontecem às segundas e terças-feiras, às 18h; sextas-feiras, às 8h; e domingos, às 18h. Às quintas-feiras há Celebração da Palavra, às 11h. A comunidade conta com o Diácono Permanente Edson Aparecido de Moura e com Frei Clóvis Nascimento Ocarm, como Assistente Espiritual.
Agradecimentos: Prof. Luís Roberto de Francisco, Ir. Maria de Lourdes e Miria Mota (Patrocínio), César Jacques (Pascom Carmo), diáconos Francisco Moraes e Edson Moura.