A missão dos devotos da Candelária
Compartilhe

por Padre Salathiel de Souza (Pe. Sala)

Entre tantas formas de amar Nossa Senhora, os ituanos têm o privilégio de uma Missão especial. Os fiéis sabem que a Mãe da Candelária traz em suas mãos o Menino Jesus e a vela. A imagem ensina que Cristo é a Luz das nações, aquela que vence toda escuridão e jamais se apaga.
Por ser marco principal da fundação do nosso município, tão acostumados que estamos com sua maternal presença, pode haver quem se esqueça de que nem sempre a Virgem da Candelária esteve por aqui. Sim, a imagem que veneramos é missionária. A devoção que testemunhamos veio com os missionários europeus que evangelizaram esta Terra de Santa Cruz.
A Missão da Igreja, tão rica em fundamentos e detalhes, pode ser resumida ao mandato de Cristo a todos os seus discípulos: ir pelo mundo inteiro ensinando a doutrina de Jesus e, principalmente, revelando através de nossos próprios atos a vida do Filho de Deus. O nosso modo de viver deve evangelizar, mostrando aos outros como o próprio Jesus viveu em sua primeira passagem por este planeta.
Se temos uma Missão enquanto discípulos do Nazareno, temos outra na condição de filhos de Maria. A devoção mariana não deve ficar enclausurada em nossos templos, mas divulgada por toda parte. O amor que temos à Virgem não deve limitar-se às nossas residências. Para evangelizar o mundo, sempre e cada vez mais precisamos mostrar a diferença que faz a Mãe de Deus e sua intercessão por toda a Igreja.
Qual é o propósito de uma vela senão iluminar o ambiente? Por menor que seja, será importante se estiver acesa. Enquanto houver um toquinho de cera com o pavio incandescente, há luz. Uma vela apagada pode até ser bonita, mas serve apenas de enfeite. É artificial, não funciona. Quando aumentam as trevas, revela-se inútil. Uma boa vela, mesmo que feia e torta, cumprirá seu papel se estiver iluminando e sendo sinal de esperança.
Essa é apenas uma das missões dos filhos da Candelária: apresentar Jesus a todos como a Luz que nos guia, a Verdade que nos orienta, a Força que jamais se extingüe, a Esperança que nunca morre e vence sempre. O Coração Imaculado de Maria se enche de alegria quando a ajudamos a revelar a pessoa de seu Filho Amado, principalmente aos irmãos e irmãs que se encontram na tristeza das trevas, do pecado e da morte espiritual.
Na festa da Candelária do ano passado, ao participar da última Missa antes de viajar para a Missão em Roraima, fiz questão de garantir duas velas abençoadas em nossa Matriz. Sempre pedi à Virgem que iluminasse o meu caminho, meu pensamento e o meu coração. A Santa Mãe nunca me decepcionou. Como a região norte do Brasil sofre com faltas ocasionais de energia elétrica, as velas sempre estiveram de prontidão.
Ao menor sinal de trevas, acendem-se as velas da Candelária! Não se trata de um infantil medo do escuro. Trata-se da nossa devoção a Jesus e à sua Santa Mãe: não podemos permitir, jamais, que as trevas tomem conta de tudo ao nosso redor. Não podemos nos conformar com a escuridão que nos paralisa. Não podemos nos dar ao luxo de, nos tempos difíceis da atualidade, deixar apagado o sinal da Luz que é o Cristo.
Em minha pequena caminhada de Fé, sempre ouvi da nossa Mãe: “Mostre o meu Filho! Ilumine o mundo e a sua vida com a presença Dele! Mostre a Verdade, o Caminho para a verdadeira Vida! Lute contra as trevas! Não se deixe abater por elas!”. O que a Mãe pede sorrindo que um filho não faz mesmo que chore? Por onde andei e passei, nunca esqueci esse pedido de Maria. Em todos os lugares, sempre fiz questão de testemunhar que, sem a presença de Cristo e de Nossa Senhora em minha vida, eu sou menos do que nada.
A Missão não é fácil. O mundo anda trevoso, escurecido e sem esperança. Não tem problema: é justamente isso o que levaremos às pessoas nestes tempos estranhos, por amor a Cristo, por fidelidade à verdadeira Igreja e por devoção à Mãe de Deus.
Virgem Mãe da Candelária, rogai por nós que recorremos a Vós!
Amém.