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por Nilo Pereira

1ª Leitura (Isaías 6,1-2a.3-8)
Há experiências na nossa vida que não podem ser reveladas com palavras. É difícil descrever as emoções, os sentimentos, as experiências espirituais. Eis porque Isaías, ao apresentar a história de sua vocação, se serve de imagens.
Certo dia, talvez enquanto estava rezando no templo de Jerusalém, percebe que o Senhor o chama para ser seu profeta. Fica perturbado, entende que é uma escolha do Senhor do Universo, do Onipotente, daquele que tem o seu trono no céu e é assistido pelos serafins.
Isaías tem plena consciência da própria fraqueza e da própria indignidade e tem medo da missão que lhe é confiada. Como poderá ele, homem de lábios impuros, anunciar a palavra de Deus, três vezes Santo? (vers.3).
Deus, porém, tem o poder de purificar o homem e torná-lo apto a transmitir a sua mensagem. Enquanto vivemos no meio de outros homens – frágeis como nós – não nos damos conta do nosso pecado; aliás, comparando-nos com os que estão ao nosso lado, podemos até pensar que somos justos, honestos, irrepreensíveis. Mas ao entrarmos em contato com Deus, as coisas mudam: constatamos de forma dramática a nossa pobreza, a nossa indignidade, a nossa miséria.
Isaías, embora se sentindo indigno, não hesita. Diz imediatamente: “Eis me aqui, envia- me”. As nossas impurezas e pecados não justificam a nossa recusa em assumir o ministério que a comunidade nos confia. A própria palavra de Deus que anunciamos irá nos purificando aos poucos.

2ª Leitura (1 Coríntios 15,1-11)
Em Corinto muitos tinham abraçado o Evangelho como uma sublime doutrina moral, indicada para ensinar a viver sabiamente, entretanto, mesmo entre os cristãos, havia muitos que relutavam em acreditar na Ressurreição.
Paulo reage com firmeza contra esta deturpação da verdade central da mensagem cristã. Ensina ele: “Meus irmãos, se esta for a vossa fé, em vão a abraçastes” (vers.2). Lembra depois a profissão de fé proclamada em todas as comunidades (vers.6) e as manifestações de Jesus ressuscitado: a Pedro, aos Doze, a mais de quinhentos irmãos, a Tiago, a todos os apóstolos e, por último, a ele mesmo (vers.8).
Que sentido tem essa lista? Estas testemunhas não são como aquelas que, durante num processo no tribunal, se apresentam ao juiz para relatar como aconteceram os fatos. A ressurreição não é um acontecimento deste mundo que pode ser demonstrado com provas irrefutáveis. É alguma coisa que acontece no mundo de Deus e por isso escapa à percepção dos nossos sentidos. O que pode ser constatada é a mudança ocorrida no grupo dos seus discípulos, antes dominados pelo medo e depois perderam qualquer temor e, mesmo diante dos que os ameaçavam de morte, confirmaram que “Cristo está vivo!”
Não conquistaram esta fé imediatamente. Chegaram a esta fé de forma progressiva, guiados pelas Escrituras e iluminados pelo Espírito. Paulo nos convida a percorrer o mesmo itinerário.