Artista ituano é destaque em exposição paulista
Algumas das obras de Padre Jesuíno do Monte Carmelo que fazem parte dos acervos da cidade de Itu, estão na capital paulista, integrando essa que é a maior exposição já realizada desse multiartista, com 27 obras sendo 23 de acervos ituanos. A contribuição de Itu ocorre por meio das obras das Igrejas ituanas de Nossa Senhora do Carmo, Matriz Nossa Senhora Candelária, Nossa Senhora do Patrocínio e Bom Jesus. Algumas delas jamais haviam saído de onde estavam há centenas de anos, assim como várias não podiam ser vistas pelo público devido sua localização.
A exposição de Jesuíno no Museu Afro-Brasil está integrada à mostra “Arqueologia amorosa de São Paulo”, que aborda a biografia e trajetória intelectual do escritor, romancista, musicólogo e historiador da arte, Mário de Andrade, um dos artífices icônicos da Semana de Arte Moderna de 1922 e, que tem como objetivo, homenagear a vida e obra de Mário, ícone dos estudos da arte e cultura brasileira e do advento do movimento da preservação de Patrimônios Culturais no Brasil, além de ter atuado na criação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN.
O módulo da exposição que as obras ituanas fazem parte, apresenta os estudos realizados por Mário de Andrade sobre o patrimônio artístico de Itu em 1937 e entre 1941 e 1944. Entre suas principais pesquisas realizadas na cidade durante esse período, destacam-se os trabalhos de resgate biográfico e reconhecimento histórico de Padre Jesuíno do Monte Carmelo, alçando-o como um dos principais artistas barrocos de São Paulo no período colonial. Padre Jesuíno é responsável por grande parte de todo Patrimônio Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo, tombado a nível nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Os estudos de Mário de Andrade tiveram como resultado a publicação, post mortem, da biografia de Padre Jesuíno, em 1945, e como consequência o tombamento a nível nacional de Patrimônios Culturais de Itu como a Igreja Nossa Senhora da Candelária, em 1938, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, em 1967, e oito pinturas óleo sobre tela de Padre Jesuíno do Monte Carmelo, em 1999, que se localizam atualmente na Igreja Nossa Senhora do Patrocínio.
Além das obras artísticas das Igrejas ituanas de Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora da Candelária, Senhor Bom Jesus e Nossa Senhora do Patrocínio, também integram a exposição as obras do Museu de Música e Arte Religiosa Padre Jesuíno do Monte Carmelo, da coleção particular de José Eduardo Jardim e do renomado artista Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro-Brasil. A curadoria da Exposição “Jesuíno do Monte Carmelo sob os olhos de Mario de Andrade” é do Dr. Emerson Ribeiro Castilho, Diretor de Patrimônio Histórico de Itu e da Dra. Maria Silvia Ianni Barsalini.
Pe. Jesuíno do Monte Carmelo
Jesuíno Francisco de Paula Gusmão (Santos, 1764/Itu, 1819), mais conhecido como Padre Jesuíno do Monte Carmelo, foi um dos artistas plásticos mais icônicos que esteve na cidade de Itu. Pintor, arquiteto, escultor, dourador, entalhador, músico, foi autor de um grande acervo de obras sacras nas principais igrejas do centro histórico da cidade, símbolos da riqueza artística do barroco ituano.
Participou do projeto artístico de decoração da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, é responsável pela decoração do teto do altar-mor da Igreja Nossa Senhora do Carmo e inúmeras outras obras em Itu e São Paulo.
Casou-se e teve cinco filhos. Após a morte de sua esposa, Jesuíno ingressou na vida religiosa, ordenado como Padre. Como religioso, Padre Jesuíno idealizou e dirigiu a construção da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, sendo responsável pela arquitetura e decoração da Igreja juntamente com seus filhos. Realizou, também, composições de músicas sacras, confirmando a sua completude como artista.
O Museu Afro Brasil fica no Parque Ibirapuera, portão 10, Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana. A exposição segue de 25 de janeiro a 30 de junho de 2022, de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência até às 18h.