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Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.

1ª Leitura (Miquéias 5,1-4a)
No tempo de Miquéias, o rei Ezequias é um bom homem, mas suas qualidades administrativas são muito limitadas; os tempos são muito críticos para um homem como ele.
Nessa situação complicada, Miquéias pronuncia a sua profecia: da pequena vila de Belém, da antiqüíssima família de Éfrata, está para surgir o “Dominador de Israel” (vers.1).
Há trezentos anos os descendentes de Davi são os detentores do poder, mas se esqueceram que se tornaram reis não por seus méritos, não conquistaram o reino com suas próprias forças; foi Deus que transformou um humilde pastor (Davi) em rei poderoso.
Agora – diz o profeta – sob o ponto de vista humano a situação é desesperadora. O Senhor, porém, está prestes a intervir, “aquela que tiver que dar à luz, dará à luz” (vers.2) e da descendência de Davi terá início um novo reino.
A quem se referia Miquéias? Com certeza ele estava pensando num rei deste mundo, mas Deus realizou a sua profecia infinitamente além de qualquer expectativa humana e, de uma mulher, Maria, fez nascer o anunciado filho de Davi.
As palavras de Miquéias são um convite à esperança. A humanidade está à espera de um futuro de justiça e paz; entretanto, se quisermos que esta salvação se manifeste, devemos negar a nossa adesão aos caminhos dos homens. Devemos parar de colocar a nossa esperança no poder dos exércitos, nas alianças com os poderosos, na influência do dinheiro, no recurso à violência. As comunidades cristãs constituem o sinal de que surgiu no mundo uma sociedade nova e alternativa, formada por pessoas que não aceitam a opressão e o domínio sobre os outros, que acreditam na força do perdão, da não-violência, da renúncia ao acúmulo de bens materiais. Quando todos os homens aceitarem esta lógica de Cristo, assistiremos à plena realização das profecias de Miquéias.

2ª Leitura (Hebreus 10,5-10)
As pessoas que saravam de alguma doença ou que conseguiam safar-se de algum perigo, que se sentiam impuras ou necessitavam pedir perdão pelos próprios pecados, dirigiam-se ao templo, compravam um cabrito, entregavam-no ao sacerdote e este o oferecia em sacrifício a Deus; os profetas, entretanto, não mostravam muita simpatia por estas práticas. Por quê? Porque, em geral, limitava-se a simples gestos externos aos quais não correspondia uma autêntica conversão do coração (vers.5-7).
O autor da Carta aos Hebreus continua dizendo que Cristo cumpriu em si mesmo as palavras deste salmo. Ele não ofereceu nenhum sacrifício material, mas disse ao Pai: “Eis que venho para fazer a tua vontade” (vers.8-10).
Neste tempo do Advento Ele vem e pede que também as nossas comunidades meditem sobre os sacrifícios que oferecem a Deus. De que modo lhe prestam culto: com cânticos, orações, incenso e liturgias solenes? Hoje também esses ritos podem ficar reduzidos a simples manifestações externas. Se faltar a autêntica adesão à vontade de Deus, essas demonstrações terão alguma validade?