Pecados contra o Primeiro Mandamento
por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat
Salto/SP
Dentre os pecados contra o amor a Deus podemos citar a superstição como desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Ou seja, quando atribuímos uma importância mágica para os sacramentos e outras práticas de fé como por exemplo batizar uma criança para “tirar mal olhado” ou para que ela não chore a noite, ou ainda receber a comunhão eucarística como um pão mágico.
O primeiro mandamento também condena a idolatria de outros deuses – o politeísmo. E nesta situação não apenas diz respeito a outras religiões ou cultos do paganismo mas consiste em divinizar o que não é Deus como por exemplo: poder, dinheiro, fama, pessoas, bens materiais, o culto ao corpo etc.
A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus e desvia o seu coração da verdadeira adoração ao Senhor.
Outra ofensa ao amor de Deus é a adivinhação. O cristão é chamado a entregar-se com confiança na providência divina. Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a satanás ou aos demônios, evocar mortos para erroneamente descobrir o futuro, a consulta de horóscopos, a astrologia, a quiromancia, fenômenos de visão, recursos de médiuns. Nisso se esconde um desejo de adivinhar o futuro além de ganhar para si poderes ocultos e poderes sobre o tempo e a história. Tais práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus.
“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde -, são gravemente contrárias à virtude da religião.” (CC 2117)
Ainda podemos falar dos pecados da irreligião:
A ação de tentar a Deus consiste em pôr à prova por palavras ou atos a bondade e a onipotência do Pai. Essa tentação se dá também através da falta de confiança n’Ele como uma dúvida a respeito de seu amor, providência e seu poder.
O sacrilégio consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos, as ações litúrgicas bem como as pessoas e coisas consagradas a Deus. O maior sacrilégio se dá contra a Eucaristia – o próprio Cristo.
A simonia é a compra ou a venda de realidades espirituais. Não se compra sacramentos nem bens do céu. Vale lembrar o ensinamento de Jesus “De graça recebestes, dai de graça” (Mt 10,8)
Podemos falar ainda do ateísmo. É a rejeição ou recusa da existência de Deus, e este é um pecado contra a virtude da religião. Muitas vezes o ateísmo se funda em uma concepção falsa da autonomia humana, que chega a recusar toda dependência em relação a Deus.
“E por fim, o agnosticismo se reveste de muitas formas. Em certos casos, o agnóstico se recusa a negar a Deus; ao contrário, postula a existência de um ser transcendente, que não poderia revelar-se e sobre o qual ninguém seria capaz de dizer nada! Em outros casos, o agnóstico não se pronuncia sobre a existência de Deus, declarando que é impossível prová-la e até afirmá-la ou negá-la.
O agnosticismo pode, às vezes, conter certa busca de Deus mas pode igualmente representar um indiferentismo, uma fuga da pergunta última sobre a existência e uma preguiça da consciência moral. Com muita frequência o agnosticismo equivale a um ateísmo prático” (CC 2127 – 2128)
Próxima semana veremos o segundo mandamento.
Deus os abençoe!