Francisco
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por Prof. Luís Roberto de Francisco

Quando se revelou o nome que queria ser chamado o papa atual, confesso que imaginei homenagem a Francisco Xavier, o primeiro grande missionário jesuíta. No dia seguinte é que o pontífice revelou a inspiração no pobrezinho de Assis: tão logo foi eleito, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, franciscano, abraçou Bergoglio dizendo: “não se esqueça dos pobres!” Veio à mente do novo papa a figura do “reconstrutor da Igreja”. Foi um momento realmente divino e inspirado pelo Espírito Santo: reconstruir a Igreja.
Antes da eleição eu pouco conhecia da história do cardeal argentino. Sabia que o arcebispo de Buenos Aires era jesuíta, mas nada sobre o seu heroico trabalho junto às comunidades pobres. Lendo a sua biografia percebi a grandeza de alma e o desapego do mundo. Francisco vivia em um pequeno apartamento, sem empregados, sem carro, utilizando-se de transporte público, verdadeiro exemplo de vida cristã e despojamento que mantém em Roma. Mora na Casa Santa Marta, ao lado dos colaboradores.
Como papa trouxe ao centro das preocupações da Igreja algumas questões fundamentais do mundo atual. E fala delas com franqueza e convicção.
Os membros da Rede Mundial de Orações pelo Papa (antigo Apostolado da Oração) rezam diariamente por demandas atualíssimas e esquecidas se não fosse a inspiração divina de Francisco: proteger a natureza criada por Deus, posicionar-se firmemente diante da injustiça social, acolher o outro. Ele pede ao clero que vá ao encontro do povo, que seja missionário. Lembra a realidade sofrida da América Latina, onde está a maior população católica do planeta. É preciso coragem para fazer mudanças, estabelecer novos caminhos, abandonar o supérfluo e viver o essencial com os pés fincados no mundo e os olhos na eternidade.
Com enorme espanto leio artigos em jornais e assisto a vídeos disponíveis na internet com ataques (alguns velados) ao papa. O incompreensível é que eles vêm de dentro da Igreja, de gente que se considera cristã. O discurso agressivo e alarmista é fruto de consciências envelhecidas, que falam mais de inferno que do céu para desqualificar Francisco. Citam mil artigos do Direito Canônico para tratar dos “erros do papa”. No fim, sabem muito, mas entendem pouco.
Francisco, ao contrário, verdadeiro pontífice (construtor de pontes – pontifex) é mestre do diálogo e esteio ao povo de Deus. O Ano Santo de Misericórdia foi um dos momentos extraordinários proporcionados à Igreja.
Diante dessas manifestações esquisitas em “defesas da fé” que crescem hoje, aliadas a posicionamentos políticos patéticos, vale um desagravo ao pontífice.
Não me esqueço da sua imagem, sozinho diante da Cruz, em uma tarde fria e chuvosa de Roma; rezava pelo fim da pandemia, pelo bem estar de todos, para que não falte o pão para quem tem fome, porque sabe que a miséria existe para boa parte da Humanidade. Como ser cristão e não se incomodar com isso? Caminhando na Praça de São Pedro, aqueles passos firmes nos fizeram perceber que ele carrega a bandeira da paz e da verdadeira fé.

Rezemos pelos equivocados.

Viva o papa!

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