O protótipo dos párocos de Itu
Dentre todos os párocos de nossa Matriz, certamente nenhum se igualou ao Padre Miguel Corrêa Pacheco. Sexto substituto do Padre Braz Luís de Pina, com a morte deste, em 1865, assumiu definitivamente a paróquia até 1892, quando foi vítima da Febre Amarela. Dada a expressão de sua trajetória, a praça principal da cidade recebeu seu nome, indicação do vereador Tristão Mariano da Costa.
Padre Miguel nasceu em Itu a 29 de setembro de 1826, filho de Antonio Corrêa Pacheco da Silva e Maria Xavier de Campos. Após os estudos foi ordenado no Rio de Janeiro, em 1849, pois a Sé de São Paulo aguardava a nomeação de um bispo. Serviu como coadjutor no Braz e pároco em Juqueri e Itatiba. Veio para Itu como pró-paroco em 1856 e aqui ficou por quarenta e seis anos.
Padre Miguel não só mobilizou o povo ituano para a caridade com os pobres, mas também transformou a igreja matriz no principal lugar da cidade, para onde convergiam pessoas de todas as classes sociais a fim de contemplar a beleza dos ritos e a grandeza da arte em torno da fé.
Por dois anos viajou à Europa e aos Estados Unidos. Nesse tempo atuaram como coadjutores operosos os padres Antonio José Gonçalves e Jerônimo Pedroso de Barros Leite. Ao retornar, cheio de ideias, além de reformas internas no templo, deu-lhe nova fachada, com um relógio Cartier, novos sinos e um órgão Cavaille-cóll extraordinário. Grande parte das iniciativas se deu com recursos próprios, afinal era de família abastada, um dos sócios da Companhia Ytuana de Estrada de Ferro. Patrocinou os compositores locais, pagou os primeiros estudos de Almeida Júnior, bem como a instalação dos colégios Patrocínio e São Luís.
Foi o maior mecenas desse tempo de glória, verdadeiro modelo que ainda causa saudade.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”