O menino de ontem …
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por Bernardo de Campos

Todo jornal interiorano terá ao longo da existência, momentos, períodos áureos e outros nem tanto. Hoje, com o avanço incontrolável da mídia não impressa e de variedades infinitas, quase sucumbe ou pelo menos salva-se como pode.
Esta folha, A Federação, a duras penas e mesmo assim centenária, chega às raias do heroísmo e sobrevive, mercê do costumeiro anonimato dos colaboradores devotados.
Houve época – e assim se chega ao âmago do assunto, – tempo em que aqui pontificavam notáveis colunistas, entre eles nada menos do que cinco na condição de filiados à Academia Ituana de Letras, bem como outros que em nada lhes ficasse a dever.
Este colunista, malgrado não ostentasse tais virtudes, vivia a contingência de exercer a função de Redator. E pensava. Prestigiado o semanário de doutos colaboradores, todos apresentavam já algum avanço na idade. E aí se questionava de si para consigo o Redator, de que bem posto se colocaria um jovem a falar sobre o mundo que envolve os de sua faixa etária.
Não houve titubeio. Afeito a constatar no movimento juvenil na Igreja Matriz da Candelária, afinal a Paróquia mantenedora desta folha, alguns elementos que se destacavam e se mostravam entusiastas e pertencentes à entidade denominada Totus Tuus, este esperançoso Redator cuidou de dirigir-se, incontinenti, numa segunda feira, à Livraria “Maranatha”, então ainda na rua Sorocaba, para ainda sem conhecer o menino até ali, convidá-lo para criar uma coluna dedicada aos moços e moças. Bem leve, mas adequada e ao ritmo da juventude.
Ele de pronto o fez e trouxe ao jornal seu primeiro trabalho. Num primeiro momento, o desaponto do Redator. Eivada toda a matéria num relato de profunda e surpreendente espiritualidade para alguém tão jovem.
Não fora esse o escopo, confiante em que delineasse ele ideias e opiniões, folguedos até, mas eminentemente de caráter juvenil.
Sequer de longe, nem por isso, haveria então de perdê-lo. Cuidou de aproveitar a tendência precoce do jovem e o enquadrou para a página três, nobre, reservada à época somente para artigos de ordem espiritual, com o destaque da reflexão semanal do Bispo Diocesano. Aqui também, poupa-se de citar outros destacados e reverentes autores com temas sacros, no zelo de não ferir suscetibilidades em eventual omissão.
Surpreendidos e afinal então agraciados nós outros, com a leveza e naturalidade de como Deus, Nosso Senhor, que, ao longo dos tempos, sugere vias e condições sequer sonhadas, há que se dizer hoje, solenemente, alto e bom som, venha sim Salathiel Westphalen de Souza, natural desta Roma Brasileira, neste julho venturoso, investir-se da missão de servo fiel, prestativo e de quem muito se espera, como sacerdote da Igreja Católica, Apostólica e Romana.

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