Por ora, futuro incógnito
por Bernardo Campos
Perdoem, mas é chover no molhado.
A situação não só não muda como se exacerba, quanto à inanição.
Ainda nem se sabe que rumo ou de como serão os dias futuros após esta fulminante pandemia, traiçoeira até no transformar-se ou se subdividir em minuciosas variantes.
Essa particularidade impede até que passos e decisões se confirmem, mesmo depois de longo tempo de sua disseminação. Incógnita, diga-se, por enquanto.
Some-se então a esse descalabro a persistência das investidas em se atrasar criminosamente a implantação das vacinas, causa direta e inquestionável a impedir que tenham sido assistidas a tempo milhares de pessoas. Sete meses de desatino por parte do leigo a quem se entregou o Ministério da Saúde. Mal saído do Ministério, apresenta-se em público duas vezes sem máscara. Percebeu-se no ar, mesmo que camuflado, o clima de desapontamento do Exército, para, logo depois, silenciar … Quais interesses outros aí, na reviravolta da estranheza militar perante a afronta e em seguida derivar para a não punição?
Essa dança de impropérios advindos do Planalto não vai ter fim. O ocupante palaciano da vez deveria, ao menos, conter-se em seu palavreado esdrúxulo e temperamental. Como que se lhe fossem concedidos poderes a seu bel prazer.
Outrora, ao tempo das crônicas semanais, aqui e no site itu.com, faziam-se bem mais oportunas e atualizadas as nossas menções. No prazo de trinta dias o novo faz-se ontem de imediato, com o perder-se azo a temas que de fato se entrelaçam.
Aliás, na caracterização da campanha eleitoral, parem e relembrem um pouco leitores todos, de que em nenhuma das falas do mandatário, na maioria ao que parece de dentro de sua residência ou de seu escritório, houvesse no contingente de auxiliares ou aliados algum personagem do respeitável Exército brasileiro. Dia seguinte ao da apuração, atulhou o Planalto de generais. De tão exacerbado esse expediente que, em alongado memorial dos titulares das três Armas, eles próprios, como já fora dito antes aqui mesmo, a sugerirem comedimento para esse desequilíbrio. Como resposta, fez-se o Presidente de ouvidos moucos.
Finalmente empossado na Saúde um médico de indiscutível capacidade, agora sim como continuador dos dois ínclitos predecessores sumariamente despedidos.
Mas…
Mas, na primeira escolha de uma profissional de alta competência e robusta folha de credenciais para integrar o Ministério, o titular da Pasta, que a convidara, teve de dispensá-la quatro dias depois…
Soube-se que essa doutora, intimorata, era convictamente contrária ao uso do remédio dito próprio e eficaz, quase milagroso, insistentemente sugerido nos meios palacianos.
Agrava dizer-se, pois, que o competente médico à frente do Ministério, em verdade não terá liberdade suficiente para orientação e decisões, adstrito que esteve no presente caso, a nem poder opinar.
Não deve ter fundamento, de outra feita, a suposição de que a condução do país tenha se utilizado de um gabinete paralelo, até porque incidente dessa ordem justificaria corretivo à altura.
No mesmo rol das preocupações sem conta, evidenciou-se um completo silêncio quanto aos abates na Amazônia, sem nenhuma intervenção governamental. Tudo também silente aos olhos e ouvidos do inditoso Ministro, somente agora impugnado pelo Supremo.
E com esse afluxo desmedido de percalços, prossegue a CPI, a deixar claro o cuidado com que, nas teses e ideário, os senadores evitam acusações de ordem mútua e pessoal, até porque já de domínio público. No tocante ao comportamento da maioria dos entrevistados, salta aos olhos o extremo cuidado para salvaguardar nomes quiçá implicados.