1º Domingo do Advento
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais do Primeiro Domingo do Advento

1ª Leitura (Isaias 63,16b-17.19b; 64,2b-7)
Transcorreram poucos anos dos dias da destruição de Jerusalém. Na Babilônia, enquanto ainda se perguntam por que foram golpeados por uma desventura tão grande, elevam para Deus o seu pensamento e, do seu coração brota uma prece enternecedora, uma das mais belas de toda a Bíblia – dela é extraída a leitura de hoje.
O trecho começa com dois atributos dirigidos a Deus: “Vós sois, Senhor, nosso Pai e nosso Redentor desde os tempos passados” (vers.16).
Diferentemente de outros povos, que invocavam normalmente os seus deuses chamando-os de “pai”, os judeus eram avessos a atribuir o título de Pai ao próprio Deus. Antes de tudo, não queriam que Javé fosse confundido com os outros deuses, os quais – dizia-se – geravam filhos e filhas como acontece com os homens. Em seguida, eis o segundo motivo: eles tinham um pai, Abraão. Na Babilônia, porém, dão-se conta de que não podem ser socorridos nem por Abraão, Isaac ou Jacó. É nesse contexto que, pela primeira vez na Bíblia Deus é invocado como Pai, nome que mais tarde será usado normalmente por Jesus.
O termo “Redentor” também é profundamente significativo, indicava aquele que tinha a incumbência de libertar da escravidão um membro da própria família que caíra prisioneiro ou que fora vendido.
Depois dessa invocação, a oração continua sob a forma de queixa (vers.17). Deus, às vezes, permite que aconteça tragédias das quais não se consegue entender o motivo; em alguns momentos, parece até que não mantém as promessas que fez.
A situação na qual acabou encontrando-se o povo de Israel na Babilônia é uma imagem daquilo que acontece com todo aquele que se torna escravo do pecado.
De que maneira será possível libertar-se? De quem poderá se esperar a salvação? Não resta senão invocar o Pai e pedir-lhe para enviar o seu Redentor.

2ª Leitura (I Coríntios 1,3-9)
Esta leitura contém os versículos da primeira carta aos cristãos de Corinto. Os cristãos daquela comunidade tinham acolhido o Evangelho com entusiasmo, mas depois, aos poucos, recaíram nos vícios da vida passada. Paulo conhece suas fraquezas e suas misérias.
Não deixará de convocar a todos para maior seriedade de vida; entretanto, no começo de sua carta, mostra-se muito tranquilo e otimista. Deus – afirma – realizou coisas maravilhosas nos cristãos de Corinto, enriqueceu-os com todos os dons, fortaleceu-os na fidelidade ao Evangelho e os mantém vigilantes na espera do Senhor.
Nós também esperamos a vinda do Senhor, sonhamos com novos céus e novas terras onde reinem a justiça e o amor. Ao considerarmos, porém a nossa fraqueza, sentimos a tentação do desânimo e nos convencemos de que não conseguiremos colaborar para a construção de um mundo novo. Os cristãos de Corinto também tinham muitos defeitos, contudo, neste primeiro domingo do Advento, eles nos são apresentados como modelos para aqueles que aguardam o Senhor. Deus não se assusta com os nossos erros; é suficiente abrirmos o coração para os seus dons.