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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Isaías 35, 1-6a.10)

Quando tomamos conhecimento das previsões que os cientistas divulgam sobre o futuro do mundo, ficamos estarrecidos com as catástrofes que anunciam. As conversas que mantemos dia a dia também têm como assunto as coisas que correm mal.

Como pode ser, então, que Isaías seja tão otimista em relação ao futuro? Por acaso no seu tempo corria tubo bem? Pois sim! O povo de Israel estava atravessando um dos piores períodos de sua história: Jerusalém e seu magnífico templo tinham sido destruídos pelos soldados da Babilônia, os habitantes mais fortes tinham sido deportados para trabalhar como escravos, e na cidade santa, transformada em ruínas, tinham permanecido somente velhos, doentes e crianças. Havia somente muitas tristeza e muitas lágrimas.

Pois bem, mesmo diante destas ruínas, eis que o profeta enxerga: de repente, contra qualquer previsão, começam a brotar no deserto as flores mais lindas e perfumadas, em todos os lugares ressoam cantos de alegria e de júbilo (vers.1-2).

Por causa disso, não tem mais sentido o desânimo, deixando pender os braços e vacilar as pernas. Ai de quem se acomoda! Quando as coisas andam mal, é preciso reagir, porque Deus pode fazer crescer um jardim no deserto, mas. . . servindo-se da colaboração do homem!

A última parte da leitura (vers.5-6) nos mostra os sinais que indicam a chegada de um mundo novo, onde não haverá mais lugar para a doença, a dor, o pranto, sinais que correspondem aos que são citados por Jesus no Evangelho de hoje (Mateus 11,2-11).

2ª Leitura (Tiago 5, 7-10)

Tiago, na sua carta, emprega palavras muito duras contra os ricos (vers.1-6 precedentes à leitura de hoje). É difícil encontrar maldições mais fortes do que as suas contra este tipo de pessoas.

Após ter-se dirigido aos ricos, Tiago se dirige aos pobres (é o trecho da leitura de hoje), e o que é que recomenda a eles? A paciência. Esta palavra é repetida quatro vezes. “Sejais pacientes!” (vers.7-8), “não vos queixeis!” (vers.9), “suportai-vos” (vers.10). Por acaso parecem exortações ponderadas, úteis para alguma coisa?

Tiago não é o tipo de agüentar a injustiça contra os pobres. Mas ele se conscientiza de que há situações nas quais, depois de ter tentado tudo o que está ao alcance da pessoa, não há outra saída senão esperar com paciência.

O que faz o agricultor? Não fica sentado, olhando a lavoura, esperando que produza sozinha. Ele trabalha, lavra, semeia, irriga, arranca as ervas daninhas. . . Mas ele sabe também esperar, acredita na força irresistível da semente, confia na terra que nunca o enganou, acredita também que o Senhor cumprirá a sua parte: enviará a chuva benéfica que fecunda a terra no outono e na primavera.

O pobre deve também alimentar a esperança de que Deus há de interferir para mudar sua situação. O seu “advento” está próximo.