Pe. Aristides Greve
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Alguns leitores me perguntam sobre as fontes de pesquisa para escrever esta coluna. Não há espaço para elencá-las aqui, mas sem dúvida as informações coligidas pelo padre Aristides Greve nas “Notícias da Província”, que ele organizou e publicou por quase cinquenta anos, têm sido fundamentais, bem como os “Catálogos Província do Brasil Central” que ele coligou. Também não se pode esquecer a revista ASIA, da Associação dos Antigos Alunos da Companhia de Jesus, publicada pelo padre Greve entre 1943 e 1973. Ele foi também o autor do estudo “Subsídios para a história da Restauração da Companhia de Jesus no Brasil” (1942) e de “Padre Bartolomeu Taddei, Apóstolo do Coração de Jesus no Brasil” (1938), estudo fundamental para se conhecer um dos maiores missionários da história do nosso país.

Se há pessoas que são “a cara” de uma instituição, o padre Greve foi a figura marcante do Colégio São Luís paulistano, afinal viveu nele entre 1927 e 1975, quase cinquenta anos, período interrompido somente por um ano em que passou em Santos.
Nascido no Rio de Janeiro a 13 de fevereiro de 1893, Aristides e seu irmão Alfredo fizeram parte da primeira turma do Externato Santo Inácio, dos jesuítas, em 1905, onde se formaram. Aristides continuou no curso de Direito, mas dois anos depois abandonou a faculdade para entrar na Companhia de Jesus. Diz a crônica que se apresentou trajando elegante fraque à porta do noviciado na Vila Mariana em 01 de fevereiro de 1913.

Pe. Aristides Greve

Além da espiritualidade, Greve estudou retórica, mas muito tímido, pouco se utilizou dela em sermões. Chegou ao Colégio São Luís de Itu em 1916 para ser prefeito de disciplina da divisão dos alunos médios.

Passou seis anos em Roma estudando Filosofia e Teologia na Universidade Gregoriana. Foi ordenado padre a 27 de julho de 1924. Mais um ano na França, completando a espiritualidade, chegou ao Colégio São Luís, na Avenida Paulista. Por mais de trinta anos o padre Greve foi professor de língua e literatura francesa utilizando-se de um manual escrito por um célebre parente seu. Depois publicou o próprio método.

Foi Ministro do colégio por trinta e oito anos, cuidando da administração da cozinha, rouparia, despensa e farmácia. Diariamente se colocava à porta do colégio, na saída dos alunos, trajando batina e barrete, como símbolo de segurança e confiabilidade da instituição.

Em 1930 fundou a versão brasileira da Associação dos Antigos Alunos dos Jesuítas, cujos membros reunia e contatava, mantendo um fichário com nomes e informações sobre eles. Como resultado, organizou e publicou um álbum comemorativo dos 75 anos do São Luís, preciosa fonte de informações para pesquisa.

O padre Greve foi o maior estudioso da história dos jesuítas nesta região do Brasil. Mantinha a documentação histórica em seu quarto, pois a utilizava diariamente.

Cercado da estima da Companhia e dos ex-alunos, o padre Greve faleceu no colégio a 20 de julho de 1975.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”