Jesus Cristo, Nossa Esperança XVI Esperar na vida para gerar vida

Audiência Geral – Praça de São Pedro – Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
A Páscoa de Cristo ilumina o mistério da vida, permitindo-nos olhá-lo com esperança. Isto nem sempre é fácil ou óbvio. Em todas as partes do mundo, muitas vidas parecem difíceis, dolorosas, cheias de problemas e de obstáculos a superar. No entanto, o ser humano recebe a vida como um dom: não a pede, não a escolhe e a experimenta no seu mistério desde o primeiro dia até ao último. A vida tem uma especificidade extraordinária: é-nos oferecida, não podemos dá-la a nós mesmos, mas deve ser alimentada constantemente; é necessário um cuidado que a mantenha, dinamize, preserve e relance.
Pode-se dizer que a interrogação sobre a vida é uma das questões abissais do coração humano. Entramos na existência sem ter feito nada para a decidir. Desta evidência brotam, como um rio cheio, as perguntas de todos os tempos: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual é o derradeiro sentido de toda esta viagem?
Com efeito, viver invoca um sentido, um rumo, uma esperança. E a esperança age como o profundo impulso que nos faz caminhar no meio das dificuldades, que não nos deixa desistir no cansaço da viagem e que nos torna certos de que a peregrinação da existência nos conduz para casa. Sem esperança, a vida corre o risco de parecer um parêntese entre duas noites eternas, uma breve pausa entre o antes e o depois da nossa passagem pela terra. Ao contrário, esperar na vida significa antecipar a meta, dar por certo aquilo que ainda não vemos e não tocamos, confiar e entregar-nos ao amor de um Pai que nos criou porque nos amou e nos quer felizes.
Caríssimos, no mundo existe uma doença generalizada: a falta de confiança na vida. É como se nos tivéssemos resignado a uma fatalidade negativa, de renúncia. A vida corre o risco de já não ser uma possibilidade recebida como dom, mas uma incógnita, quase uma ameaça da qual é preciso proteger-se para não ficar desiludido. Por isso, a coragem de viver e de gerar vida, de testemunhar que Deus é, por excelência, «o amante da vida», como afirma o Livro da Sabedoria (11, 26), é hoje um apelo mais urgente do que nunca.
No Evangelho, Jesus confirma constantemente a sua solicitude em curar os doentes, sarar corpos e espíritos feridos, restituir a vida aos mortos. Agindo assim, o Filho encarnado revela o Pai: devolve a dignidade aos pecadores, concede a remissão dos pecados, e inclui todos, especialmente os desesperados, os excluídos e os distantes, na sua promessa de salvação.
Gerado pelo Pai, Cristo é a vida e gerou vida sem se poupar, a ponto de nos oferecer a sua, e convida-nos, também a nós, a dar a nossa vida. Gerar significa dar vida a outrem. O universo dos seres vivos ampliou-se através desta lei, que, na sinfonia das criaturas, conhece um admirável “crescendo” que culmina no dueto do homem e da mulher: Deus criou-os à própria imagem, confiando-lhes a missão de gerar também à sua imagem, isto é, por amor e no amor.
Desde os primórdios, a Sagrada Escritura revela-nos que a vida, precisamente na sua forma mais excelsa — a humana — recebe o dom da liberdade, tornando-se um drama. Assim, as relações humanas são marcadas também pela contradição, até ao fratricídio. Caim vê no irmão Abel um concorrente, uma ameaça, e, na sua frustração, não se sente capaz de o amar e estimar. E eis a inveja, o ciúme, o sangue (cf. Gn 4, 1-16). Ao contrário, a lógica de Deus é muito diferente. Deus permanece fiel para sempre ao seu desígnio de amor e de vida; não se cansa de sustentar a humanidade, nem sequer quando, na esteira de Caim, ela obedece ao instinto cego da violência nas guerras, nas discriminações, nos racismos e nas múltiplas formas de escravidão.
Então, gerar significa confiar no Deus da vida e promover o humano em todas as suas expressões: antes de tudo, na maravilhosa aventura da maternidade e da paternidade, até mesmo em contextos sociais em que as famílias lutam para suportar o peso do quotidiano, permanecendo muitas vezes bloqueadas nos seus projetos e sonhos.
Irmãs e irmãos, a Ressurreição de Jesus Cristo é a força que nos sustenta neste desafio, mesmo onde as trevas do mal obscurecem o coração e a mente. Quando a vida parece esmorecida ou bloqueada, eis que o Senhor Ressuscitado volta a passar — até ao fim dos tempos — e caminha ao nosso lado e por nós. Ele é a nossa esperança!


