Padre Monteiro, um pároco redator
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A chegada do padre José Maria Drost Monteiro a Itu, em 1924, não foi somente uma revolução nos meios religiosos, sociais e culturais, mas também o retorno de um ituano a sua terra, vindo substituir o operoso padre Elisiário, adoentado, que pediu aposentadoria.
Com 30 anos, e alguma experiência na paróquia de Santana de Parnaíba, o padre Monteiro trazia uma formação renovada, no Seminário, desde que Dom Duarte assumira a Arquidiocese de São Paulo. Monteiro era dinâmico, bom pregador, envolvido com a alta sociedade, mas também muito ligado a obras sociais; frequentava casas de famílias, homem de sorriso fácil e prosa sem fim. Talvez não tenha havido, na Paróquia Nossa Senhora Candelária, um pregador da sua qualidade, sermões que arrebatavam pela retórica e facilidade de comunicação. Seu paroquiato coincidiu com o grande crescimento das congregações marianas e da Ação Católica junto a jovens. Portanto, ele se tornou uma liderança importante na comunidade.
Nascido em Itu, em 1893, Monteiro estudou no Externato das Irmãs de São José e no Colégio São Luís. Era filho único e ficou órfão de pai, ainda menino. Depois do seminário, viveu sempre na companhia de sua mãe, D. Amália.
A par de sua atividade como cura de almas, promotor de grandes festas religiosas, padre Monteiro dedicou tempo e energia para a ocupar os terrenos em torno da igreja matriz: no fundo construiu a casa paroquial e, ao lado, o salão paroquial Dom Antonio Joaquim de Melo. Conduziu a restauração da capela de Santa Rita, a ampliação da igreja de São Benedito e a reforma na própria matriz, em 1939. Implantou novas diretrizes da Igreja à música sacra e criou o coro paroquial que sustentou os cânticos nas cerimônias até a década de 1970. Isso tudo bem documentado através das páginas do jornal do qual ele acabou assumindo a direção.
É verdade que, ao tornar-se pároco, ele já começou a publicar matérias neste semanário. Por exemplo, em 8.11.1924, escreveu um artigo cumprimentando a Irmã Maria Teodora Voiron na data de sua profissão religiosa.
Em 17 de outubro de 1925, dada a impossibilidade do antigo redator, Dr. Manoel Maria Bueno continuar a sua função, depois de 18 anos de atuação, o padre José Maria Monteiro se tornou o redator do jornal, o que exerceu até o fim de seu longo paroquiato, em 1941. Onde achava tempo?
Esse tempo novo para A Federação: nova sede, novo redator, deu impulso ao jornal, pronto a direcionar a comunidade em um período caótico da história mundial e do Brasil.
Em 1941, o padre Monteiro foi nomeado Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo (a maior do mundo àquele tempo), pelo Arcebispo Dom José Gaspar. Levava para a capital a sua experiência e tenacidade, inclusive administrando a Arquidiocese, quando Dom José morreu tragicamente e tão jovem. Padre Monteiro recebeu o título de Monsenhor e nunca deixou de estar em Itu. Faleceu em 1952, já alquebrado mesmo contando somente 59 anos.