Fraternidade e Ecologia Integral

A Campanha da Fraternidade (CF) 2025, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), traz como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). A CF convida os cristãos e a sociedade brasileira a refletirem sobre a urgência de cuidar da Casa Comum, num momento em que a crise socioambiental se agrava. Inspirada por marcos como os dez anos da encíclica “Laudato Si” e os 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, propõe uma conversão integral que une fé, justiça social e responsabilidade ambiental.
São Francisco de Assis, nascido em 1181 na Itália, é um ícone da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza. Filho de um rico comerciante, abandonou a riqueza para viver em simplicidade, enxergando na criação um reflexo do amor divino. Seu famoso Cântico das Criaturas, escrito em 1225, celebra o sol, a lua, o vento e a água como irmãos e irmãs, expressando uma espiritualidade ecológica única para sua época. Francisco dialogava com os pássaros e cuidava dos animais, como no episódio em que pregou aos lobos de Gubbio, pacificando-os. Para ele, a natureza não era apenas um recurso, mas uma dádiva a ser reverenciada. Por isso, tornou-se patrono da ecologia, inspirando movimentos como a Campanha da Fraternidade 2025.
O tema “Ecologia Integral” vai além da preservação ambiental tradicional. Baseado nos ensinamentos do Papa Francisco, o conceito abrange a interconexão entre a natureza, as relações humanas e a espiritualidade. A campanha destaca que o “grito da Terra” e o “grito dos pobres” estão intrinsecamente ligados, sendo faces de uma mesma crise causada por modelos de desenvolvimento insustentáveis. No Brasil, essa reflexão ganha força diante de desafios como o desmatamento, as mudanças climáticas e a falta de saneamento básico, que afetam diretamente as populações mais vulneráveis.
A escolha do lema, extraído do relato da criação em Gênesis, remete ao olhar amoroso de Deus sobre sua obra, convidando os fiéis a redescobrirem a beleza e a bondade intrínsecas ao mundo natural. Durante a Quaresma, período tradicional da CF, a Igreja propõe um caminho de penitência e ação concreta. O objetivo geral é “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”. Isso se traduz em iniciativas práticas, como o plantio de árvores, a redução de desperdícios e o voluntariado social.
A identidade visual da campanha, criada por Paulo Augusto Cruz, reforça essa mensagem. O cartaz destaca São Francisco de Assis, símbolo de reconciliação com a criação, e a cruz, que remete à espiritualidade quaresmal e ao chamado de Cristo para reconstruir a Igreja. Materiais como o Texto-Base, roteiros de encontros e o hino oficial auxiliam as comunidades a vivenciarem o tema de forma orante e prática.
Recordemos o Papa Francisco: “Deus confiou-nos a Terra para a cultivarmos e protegermos; não podemos explorá-la sem limites.” (Laudato Si’, n. 67).