Hospital em Pindamonhangaba (1)
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Já tivemos ocasião de lhes falar sobre os heroísmos e canseiras, os sacrifícios e preocupações que assinalaram os primeiros trabalhos da grande apóstola em Itu, São Paulo, Campinas, Piracicaba, Franca e Jaú, lugares onde hoje sua obra gigantesca se ergue como um troféu a atestar a grandiosidade de um ideal e a perenidade das bênçãos divinas sobre o que é edificado para Sua glória.
Continuando a estrada palmilhada pelas abnegadas religiosas josefinas, desembarquemos hoje em Pindamonhangaba, cidade entre Aparecida do Norte e Taubaté e vejamos como a intrépida fundadora atendeu ao convite da Virgem, indo estabelecer um novo núcleo de atividades nas proximidades de seu santuário.
Em suas viagens a Taubaté, Madre Teodora encontrava sempre tempo de uma visitinha a Senhora Aparecida, a quem recomendara de um modo especial a Província e a Congregação. Amorosa e serena, a Mãe querida dos brasileiros sabia ter a seus pés um anjo de caridade, uma alma pronta a todos os heroísmos para tornar a vida mais agradável aos que dela se aproximassem. Num desses encontros, marcou-lhe a tarefa de administrar o Hospital de Pindamonhangaba, levando aos seus internados a luz das verdades eternas e o conforto da caridade cristã.
A bela “Princesa do Norte”, situada duas cadeias de montanhas, com o Paraíba serpenteando a seus pés, habitada outrora por rica aristocracia, possuía uma casa de saúde construída por legado do Barão de Pindamonhangaba e sustentada, por mais de meio século, pela benemerência de nobres famílias. Triunfante a República e arruinados vários brasões, também a Santa Casa prova a amargura dos dias de miséria. Sem renda fixa, sem patrimônio que lhe garantisse subsistência, sustentada pelas esmolas de almas generosas e pequenas subvenções do governo, a Santa Casa, nos primeiros anos do século, vê-se às portas da ruína. Os doentes, entregues a mãos mercenárias, em míseros catres, jazem em profunda desolação, de mistura com tuberculosos e portadores de outras moléstias contagiosas. Cobertos de andrajos e trapos, curtem o abandono mais completo, desprovidos dos mais elementares cuidados quanto à alimentação e habitação. São farrapos humanos, testemunhas na própria carne, do estado lamentável a que chegara o hospital outrora limpo e bem tratado.
É este o ambiente que a Virgem Aparecida oferece a Madre Teodora, é esta falta de conforto o presente que dará a suas filhas, para que elas transformem a penúria em opulência, conquistando almas para o céu e, tangendo a lira maviosa da caridade, levem estímulo e coragem a corações desiludidos.
Aos 12 de abril de 1915, Madre Teodora parte para sua última fundação. A denodada octogenária faz questão de acompanhar as Irmãs até seu novo campo de trabalho. Prova com elas os primeiros tragos do novo cálice… Incansável e experimentada na luta, dá às filhas conselhos encorajados cujos frutos logo se fazem sentir.

14 de setembro de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu
da Música – Itu