Colégio São José em Jaú (2)
A 21 de maio, toda a população espera, ansiosa, o trem que conduz as apóstolas da esperança. Ao apito estridente da locomotiva juntam-se os sons da fanfarra musical e as palmas da multidão, aclamando a chegada da pequena caravana, reduzida em número, mas poderosíssima em capacidade de sacrifício e abnegação em prol daquela gente. Todos compreendem a emoção e a magia daquele momento marcante na vida da cidade. Todos sentem o que significa a criação de um colégio católico feminino na formação das futuras gerações. Todos se compenetram da responsabilidade de entregar as filhas aos cuidados de espíritos lúcidos, que aliam ao saber grande soma de qualidades morais e religiosas. E por isso, todo aquele burburinho humano faz questão de prestar suas primeiras homenagens às intrépidas religiosas, tributando-lhes no carinho da acolhida seus sentimentos de gratidão pelos futuros benefícios. Interpretando o sentir popular, os exmos. Sr. Dr. Oliveira Pinto e José Maria D’Ávila apresentam as boas vindas, e pedem às Irmãs que se deixem ladear pelos manifestantes até a praça da Matriz, para ali tomarem o carro que as transportará ao colégio.
Um pouco longe do centro ergue-se imponente o edifício que as abrigará. Numa pequena elevação, domina o extenso casario circundado de belos jardins, e dali se descortinam as imensas plantações de café, principal riqueza da região. Madre Teodora, feliz em poder corresponder aos apelos que lhe chegam de todos os recantos do Estado, passa os primeiros dias de casa nova com suas queridas filhas, encorajando-as a lutar pela vitória de seu ideal, aconselhando-as a se entregarem confiantes nas mãos da Providência, que tudo proverá a tempo e hora. Como sempre, faz questão de inscrever o primeiro nome no livro de matrícula. Cabe essa honra a Ana Blandina de Almeida, que inicia a cadeia brilhante de educandas, que atestarão mais tarde o valor do tesouro adquirido nos bancos colegiais.
A princípio destina-se o novo prédio apenas a internato. Dirige-o Madre Maria Celestina Duprat, que durante nove anos entrega-se de corpo e alma ao sucesso da empresa. Cambaleia, porém o seu organismo, e não mais reage às vicissitudes do combate. Retira-se, deixando plantada a semente que frutificará pelos tempos em fora, regada com o sacrifício de sua saúde. Também Jaú passa pelo batismo de dor, testemunhando no sofrimento de sua primeira superiora a obra divina da educação ministrada a suas filhas…
31 de agosto de 1957