22º Domingo do Tempo Comum
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do 22º Domingo do Tempo Comum
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia
1ª Leitura (Deuteronômio 4,1-2.6-8)
Esta parte da leitura do Livro do Deuteronômio, foi escrita na Babilônia durante o dramático período do exílio. Israel perdeu a liberdade, a honra, a terra de seus pais, o templo onde prestava culto ao seu Deus e está reduzida a um grupo insignificante, humilhado e disperso entre as nações.
Eis que surge, porém, entre os exilados, um homem piedoso que reanima os seus companheiros de infortúnio. Nem tudo está perdido – diz ele – ainda nos resta um grande dom de Deus, uma dádiva que nos torna preclaros entre todos os povos da terra: a nossa lei. Essas palavras de conforto são transcritas e, para distingui-las com o mais alto valor, atribuídas a Moisés.
O trecho em questão começa lembrando que a lei de Israel é sagrada, tem um valor absoluto e não pode ser alterada porque é obra de Deus. Há dois perigos a ser evitados: eliminar algumas de suas exigências mais severas, ou então ao contrário, “acrescentar novas prescrições inventadas pelos homens”.
Na segunda parte da leitura, o piedoso israelita manifesta toda a sua altivez pela sublime legislação que Deus confiou ao seu povo e proclama aos seus compatriotas: “Os povos, conhecendo todas estas leis, reconhecerão: esta grande nação é o único povo sábio e inteligente… Qual é a nação de fato, que tem leis e normas tão justas como estas?”
As nossas comunidades cristãs muitas vezes sentem-se envaidecidas por causa do funcionamento perfeito de suas estruturas. Seriam fracas e sem destaques aos olhos dos homens, mas como aconteceu com Israel no exílio, lhes restaria o tesouro mais valioso, a dádiva maior que os homens podem receber: o Evangelho.
2ª Leitura (Tiago 1,17-18.21-22,27)
Esta passagem da carta de Tiago, uma obra rica de conselhos práticos, trata do tema da Palavra de Deus. Não é suficiente, porém, ouvir essa palavra para conseguir a salvação. Se quisermos que produza frutos, deve ser acolhida com docilidade (vers.21).
Tampouco é suficiente a escuta dócil e atenta; é necessário “praticar a Palavra”. A escuta que não determina a mudança de vida é inútil, é a mesma coisa que a atitude de quem observa o próprio semblante no espelho e depois se afasta sem ter tirado a sujeira que viu (vers.23-34).
Por fim, para aqueles que, ao invés de alicerçar a própria prática religiosa na Palavra de Deus, edificam-na em cerimônias, formalismos, ritos, prática devocionais fúteis, Tiago esclarece que a verdadeira religião consiste em “socorrer os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservarem-se puros da corrupção deste mundo” (vers.27).
As viúvas e os órfãos na Bíblia representam todos aqueles que se encontram necessitados; a escuta da Palavra de Deus deve despertar interesse, sentimentos de amor e de ajuda concreta para estas pessoas.