Igreja no Brasil reflete sobre discernimento no ambiente digital
Inteligência Artificial, Lei de Proteção de Dados e Discernimento no Ambiente Digital é o tema do Congresso de Comunicação que aconteceu na Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM), em São Paulo, nos dias 15 e 16 de agosto. Organizado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), com a parceria da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Faculdade Paulina de Comunicação (Fapcom) e da arquidiocese de São Paulo, a formação contou com mais de 200 participantes.
O congresso pretendeu ajudar a refletir sobre o tema geral desde diversas perspectivas tendo como ponto de partida a realidade eclesial. Nesse contexto, o bispo de Campo Limpo (SP) e presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB, dom Valdir de Castro, refletiu sobre “Igreja e discernimento no ambiente digital, preservar identidade e transmitir valores”.
Partindo de uma referência histórica sobre a relação entre a Igreja e a comunicação, dom Valdir destacou a importância das Mensagens para o Dia Mundial das Comunicações desde Paulo VI, mostrando como o Magistério da Igreja foi se preocupando com a comunicação e acompanhando as mudanças ao longo do tempo.
Dom Valdir de Castro ressaltou que a missão da Igreja é evangelizar, lembrando que evangelizamos como Igreja, refletindo sobre a sinodalidade como modo de testemunhar o Evangelho e agir, que leva o cristão a refletir sobre a importância do seu comportamento e não só daquilo que acredita. Igualmente sublinhou que como cristãos, não agimos como indivíduos na rede, mas como comunidade.
De acordo com o assessor de Comunicação da CNBB, padre Arnaldo Rodrigues, que também participa do evento, o Congresso e seus temas são de uma grande riqueza para a Igreja no Brasil. “A formação oferece para a vida consagrada, especialmente aqueles que têm o carisma de trabalho com a comunicação, de reflexão e estudo e de saber como servir melhor a Igreja por meio da comunicação nos ambientes digitais”, disse.
O padre destaca a qualidade dos conferencistas do campo da comunicação que abriram um espaço pra que a Igreja reflita a sua presença, seu modo de ser e sua mensagem dentro dos ambientes digitais. “Representando a CNBB, mais uma vez reforçamos nossa parceria neste trabalho de refletir juntos com a CRB e a Fapcom a comunicação social da Igreja”, disse.
Proteção de dados
A proteção de dados é algo que cobrou grande importância no Brasil nos últimos anos, sendo regulamentado através da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Busca-se, segundo João Fábio Azeredo, proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural, de proteger o indivíduo, evitar que seus dados pessoais sejam usados contra ele. O advogado mostrou a diferença entre dados pessoais e dados pessoais sensíveis, explicitando as situações em que a lei permite o tratamento de dados pessoais, fazendo considerações relevantes sobre essa temática.
Abordando a Teologia da Comunicação, a diretora do Departamento Teológico-Pastoral do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Natasa Govekar, destacou a importância de se perguntar de onde vimos e para onde queremos chegar como comunicação. Partindo do fundamento trinitário do cristianismo, ela perguntou como Deus comunica, de que modo sua comunicação é eficaz, afirmando que Deus cria através da Palavra, que essa Palavra se fez carne, a comunicação de Deus tem como fruto a vida, gera comunhão, pois “não tem comunhão sem comunicação”.
Jesus comunicava com a palavra, com a vida, não de fora, mas de dentro, enfatizou Govekar, que ressaltou que ele é fermento de comunicação. A teóloga eslovena disse que “a comunicação cristã não pode estar dissociada da doação por amor”, refletindo sobre as atitudes dos católicos nas redes sociais, que muitas vezes tem atitudes contrárias a esse amor. Finalmente, ela explicou brevemente o que é o Projeto Pentecostes, que faz referência à participação nas redes sociais.
A comunicação institucional e gerenciamento de crise foi um dos elementos abordados no congresso. Lúcia Martins partiu do conceito de crise e dos sinais de alerta, quando a crise surge e como as pessoas não reagem. A jornalista destacou a importância de não minimizar as crises, refletindo sobre o impacto da reputação nos negócios. Igualmente sobre como lidar, como falar com a mídia diante das crises, pensar a mensagem a ser passada, a imagem da empresa, o que se tem de bom e os riscos e pontos frágeis.
(Fonte CNBB com a colaboração do Pe. Willian Bonfim com informações de Pe. Miguel Modino – Regional Norte 1 da CNBB em VaticanNews)