Construir uma Igreja e uma  sociedade de portas abertas
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Trechos da homilia do Papa Francisco na Solenidade de São Pedro e São Paulo.

Fixemos o nosso olhar nos dois Apóstolos, Pedro e Paulo: o pescador da Galileia que Jesus fez pescador de homens; o fariseu perseguidor da Igreja transformado pela Graça em evangelizador dos gentios. À luz da Palavra de Deus, deixemo-nos inspirar pelas suas histórias e pelo zelo apostólico que marcou o caminho das suas vidas. Ao encontrarem o Senhor, fizeram uma verdadeira experiência pascal: foram libertados e abriram-se diante deles as portas de uma vida nova.
Irmãos e irmãs, nas vésperas do ano jubilar, detenhamo-nos precisamente na imagem da porta. Com efeito, o Jubileu será um tempo de graça no qual abriremos a Porta Santa, para que todos possam atravessar o limiar daquele santuário vivo que é Jesus e, n’Ele, experimentar o amor de Deus que revigora a esperança e renova a alegria. Também na história de Pedro e Paulo há portas que se abrem.
(…) Naquela noite de libertação, a princípio abrem-se milagrosamente as portas da prisão; depois diz-se, de Pedro e do anjo que o acompanha, que eles estão diante da «porta de ferro que dá para a cidade, a qual se abriu por si mesma» (At 12, 10). Não são eles que abrem a porta, ela abre-se por si mesma. É Deus que abre as portas, é Ele quem liberta e abre caminhos. A Pedro – como ouvimos no Evangelho – Jesus tinha confiado as chaves do Reino; mas ele experimenta que é o Senhor quem abre primeiro as portas. Ele vai sempre à nossa frente. Chega a ser curioso: as portas da prisão são abertas pela força do Senhor, mas depois Pedro encontrará dificuldades para entrar na casa da comunidade cristã, aquela que vai à porta pensa que é um fantasma, e não a abre. Quantas vezes as comunidades não aprendem esta sabedoria de “abrir as portas”.
O caminho do apóstolo Paulo é, também e sobretudo, uma experiência pascal. Efetivamente, primeiro ele é transformado pelo Ressuscitado no caminho de Damasco e, depois, na contemplação contínua de Cristo crucificado, descobre a graça da fraqueza: quando somos fracos – afirma – é então que somos realmente fortes, porque já não nos apegamos a nós mesmos, mas a Cristo (cf. 2 Cor 12, 10). Alcançado pelo Senhor e crucificado com Ele, Paulo escreve: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20).O objetivo de tudo isto, porém, não é uma religiosidade intimista e consoladora, como hoje nos apresentam alguns movimentos na Igreja, com uma “espiritualidade de salão”; pelo contrário, o encontro com o Senhor acende na vida de Paulo o zelo pela evangelização. Como ouvimos na segunda leitura, no fim da sua vida ele declara: «O Senhor esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o escutassem» (2 Tm 4, 17).
(…)Irmãos e irmãs, os dois Apóstolos Pedro e Paulo fizeram esta experiência de graça. Tocaram com as mãos a obra de Deus, que lhes abriu as portas da sua prisão interior e também das prisões reais onde estavam encerrados por causa do Evangelho. E abriu-lhes, igualmente, as portas da evangelização, para que pudessem experimentar a alegria do encontro com os irmãos e irmãs das comunidades nascentes e levar a todos a esperança do Evangelho. E assim, nos preparamos para abrir a Porta Santa, neste ano!
(…) Que os Santos Pedro e Paulo nos ajudem a abrir a porta da nossa vida ao Senhor Jesus, que eles intercedam por nós, pela cidade de Roma e pelo mundo inteiro.
Amém.