9º Domingo do  Tempo Comum
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Diác.Ézio Benedito Ribeiro
Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.”

Evangelho (Mc 2,23-3,6)

O Evangelho de hoje é composto por dois episódios que colocam Jesus em confronto com a instituição do sábado judaico: os discípulos ao colherem espigas para comer e um homem com atrofiada uma das mãos; ambos os episódios ocorrem no sábado. Mas Jesus afirma: «Que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado»; «Será permitido no sábado fazer bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou tirá-la?». Estas palavras de Jesus dão a interpretação dos episódios, bem como da forma como Jesus se posiciona diante da instituição do sábado em geral.
A segunda linha de argumentação é a da total precedência das necessidades humanas, mesmo em relação ao sagrado: isto vale para a fome dos discípulos diante do sábado que é sagrado, como valeu para a fome de David e dos seus homens diante dos pães sagrados da proposição e valerá também para a cura do homem com a mão atrofiada diante da instituição de sábado. Diante do poder de Jesus e das necessidades humanas, as coisas sagradas não têm um valor próprio (nem o pão do santuário, no caso de David, nem o sábado, no caso dos discípulos de Jesus ou do homem com a mão atrofiada), mas existem para o bem da humanidade (os pães da proposição para alimentar David e os seus homens, o sábado para o homem e para Jesus); na interpretação de Jesus, é fundamental que o que é sagrado esteja ao serviço do homem. Em ambos os momentos, Jesus escolheu fazer o bem e colocar-se serviço das necessidades humanas, mesmo que isso despertasse a ira das autoridades políticas e religiosas contra Ele, para o condenarem à morte.• Jesus ensina-nos a posicionar-nos com verdadeira liberdade diante da Lei de Moisés, ou melhor, diante da Lei de Deus, que nos chegou por Moisés, sem nunca perder de vista o seu objetivo de regular a nossa vida na sociedade e na Igreja, protegendo os mais frágeis e evitando toda e qualquer opressão por parte de quem exerce o poder.
Interpretações rigoristas da Lei – como são as dos fariseus no nosso texto – cegam e não deixam ver as necessidades humanas que, na perspectiva de Jesus, são o verdadeiro critério para manter uma atitude livre diante da Lei.
A regra que Jesus dá para saber o que se pode fazer ou não no domingo pode ser transposta para outros campos da nossa vida: é importante saber que queremos estar ao serviço do bem e da salvação da vida humana, em conformidade com o desejo de Deus, e como vimos na vida e mensagem de Jesus; a partir disso, sabemos que as instituições, sejam elas religiosas ou civis, devem estar a serviço da vida humana, para que possam realizar a missão para a qual nasceram.
Deus abençoe a todos.