10 de Maio de 1924
13 de maio
No dia 13 do corrente celebra a nossa patria uma das mais bellas e sympathicas festas nacionaes, a promulgação da lei que veio extinguir para sempre a escravidão no Brazil.
Essa lei aurea, bemdita e santa, veio quebrar as algemas que prendiam milhares de pulsos e passar uma esponja sobre a nodoa que nos degradava perante as nações civilisadas, para quem o Brasil era considerado como um paiz de barbaros.
E, de facto, o que se passava na maioria das fazendas não merecia mesmo outra consideração, senão essa, porque, se havia alguns senhores bons para os seus escravos, outros havia que bem mereciam o nome de carrascos.
Mas um véu cubra o passado, e nem sequer conservemos a lembrança dos ominosos tempos da escravidão.
Consideremos sómente que, desde o dia 13 de Maio de 1888, acabou-se no Brasil essa distincção entre senhores e escravos, e perante a lei todos os brasileiros ficaram perfeitamente iguaes gozando dos mesmos direitos sem a menor distincção.
Isso se deve, abaixo de Deus, a espíritos esclarecidos e justiceiros que, como Joaquim Nabuco, Luiz Gama, José do Patrocínio, e outros, luctaram denodadamente, pela emancipação do elemento servil, e só descançaram quando viram os seus esforços, as suas luctas titanicas, coroadas do mais feliz exito pela aurea lei 13 de Maio, promulgada pela inolvidavel princesa dona Izabel a Redemptora.
Desde esse dia memorável enxugaram-se as lagrimas da escravidão e os infelizes ex-escravos enctraram a gozar da mais perfeita liberdade, e entre os ex-senhores e os ex-escravos não ficou existindo rancores e desejos de vingança, sendo que a lei humanitária de 13 de Maio foi recebida por todos entre aclamações de jubilo, musica e flôres.
Não se deu o mesmo na America do Norte, onde a lei que aboliu a escravidão, foi recebida da parte dos senhores de escravos com as mais furibundas demonstrações de desgosto, ficando sempre entre os ex-senhores e seus ex-escravos um odio implacavel que até hoje separa os brancos dos homens de côr.
E quanto não lucrou o Brasil, mesmo pelo lado material, com a extincção do elemento servil!
Pois o trabalho livre dos ex-escravos e dos colonos que vieram para o nosso paiz, dentro em breve deu o maravilhoso desenvolvimento que vemos na sua lavoura, na sua industria e no seu commercio.
Salve, pois, lei aurea e bemdicta, que vieste apagar da nossa historia essa nodoa que nos deprimia, e que tanto progresso trouxeste ao nosso paiz!
E. Maffei.
Pesquisa – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux” (Igreja do Bom Jesus), respeitada a ortografia original.