2º Domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia)
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do Segundo Domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia)
1ª Leitura (At 4,32-35)
Comecemos a explicação da leitura a partir da parte central, o versículo 33: “Com grande coragem, os apóstolos davam testemunho da ressurreição de Jesus”. Em que consistia essa grande força? Apresentavam um testemunho indiscutível: não se tratava de milagres (não são estes que comprovam que Jesus está vivo); a verdadeira prova que todos podiam constatar era outra: a vida completamente nova da comunidade dos primeiros cristãos.
“Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum” (versículo 32). A competição, o domínio dos mais fortes, dos mais capazes, naquele tempo como nos nossos dias, eram tidos como legítimos e até mesmo necessários para o funcionamento normal da sociedade.
Os cristãos deviam parecer cidadãos de outro mundo. Tanto os judeus como os pagãos eram obrigados a colocarem-se diante desta pergunta: “Qual é a origem de uma vida tão extraordinária? A resposta unânime dos discípulos era: “Nós vivemos assim porque Cristo ressuscitou”.
Qual será então a prova sólida da ressurreição de Cristo que podemos proporcionar aos homens do nosso tempo? Palavras, palavras lindas, muitas palavras? Ou então deveremos apresentar alguns fatos que provem com evidência que Jesus está vivo? Quais fatos? É possível para nós praticar ao pé da letra o sistema da divisão recíproca dos bens, conforme o modelo da comunidade de Jerusalém? Mas toda aquela gente, depois de ter vendido tudo, como conduzia sua vida?
Quem se propõe essas perguntas não entendeu o que o autor dos Atos dos Apóstolos quer nos ensinar. O Livro do Deuteronômio tinha prometido que um dia, no povo de Deus, “não haveria mais nenhum pobre (ler cap.15 vers.4). A leitura nos diz que essa profecia se realizou na nova comunidade nascida na Páscoa.
Só quando conseguirmos criar essa comunidade fraterna, impulsionada não pelo egoísmo, mas pela lei do amor, da generosidade, da doação de si, é que estaremos em condições de provar que o Espírito do Cristo Ressuscitado foi comunicado a nós também. Que outras provas podem apresentar?
2ª Leitura (1Jo 5,1-6)
O tema central desse texto maravilhoso é o amor ao irmão. O fragmento de hoje parece ser dirigido exatamente aos cristãos recém batizados durante a noite da Páscoa e ensina-lhes: “vós recebestes agora a vida de Deus”. Esta vida não pode ser vista, mas existe um sinal que revela a sua presença: as obras de amar em favor de todos aqueles que foram gerados por Deus, isto é, em favor de todos os irmãos (versículo 1).
Não pode haver um fundamento mais sólido para o amor a todo ser humano do que o fato de que somos todos filhos de um único Pai.
Na época em que foi escrita esta carta, havia muitas pessoas que pensavam ser possível amar a Deus sem se preocupar com os homens. João lembra aos membros de suas comunidades que a verdadeira fé não pode estar separada da vida.