por Celso Tomba

Ainda não chegamos à metade de março e já estamos a alguns dias da Semana Santa. Uma vez mais somos convidados a relembrar e reviver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
A liturgia da Semana Santa, iniciando no Domingo de Ramos e encerrando no Domingo de Páscoa, nos ajuda a compreendermos melhor e participarmos de forma mais intensa dos últimos acontecimentos da vida de Jesus, seu sofrimento, sua dor, sua humilhação e sua morte, mas também sua vitória gloriosa sobre tudo isso, demonstrando que o amor acima de tudo traz a vida, acima de tudo.
Para nós, cristãos católicos, a Semana Santa é um momento de intensa oração e reflexão, de partilhar a dor do Cristo, nosso Salvador, que entrega sua vida por amor a nós. É também momento de renovarmos nossa fé no plano de amor de Deus para toda a humanidade, um plano de misericórdia e esperança.
Ao acompanharmos todos os momentos da Semana Santa, sentimos conforto em saber que Deus nos ama tanto, se preocupa conosco e quer nos ver felizes. Mas também nos causa sentimentos de angústia ao saber que o Filho de Deus precisou se sujeitar a todo esse sofrimento para nos salvar. É inevitável nos sentirmos incomodados…
Ao nos incomodar com o sofrimento de Jesus, a Semana Santa também nos chama a sermos seus verdadeiros discípulos. De que adianta sermos tocados pela paixão e morte de Cristo se não somos motivados pela sua ressurreição, impulsionados a sermos propagadores de seu Evangelho?
Vale lembrar que o tempo litúrgico da Páscoa não se encerra no Domingo da Ressurreição, mas inclui também o importante evento de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. É nesse evento que o verdadeiro sentido da Semana Santa se realiza: quando o amor de Deus por cada um de nós se torna, por consequência inevitável, amor de cada um de nós por todos os outros seres humanos. Amor que nos leva a querer o bem de todos, a querer contar a todos sobre o amor que Deus tem por nós e a alegria que sentimos sendo seguidores do Cristo.
Sim, a Semana Santa é período de piedade, oração, jejum e penitência. Mas não tem sentido em si mesma. Como aprendemos desde cedo, a morte é apenas uma passagem. Assim também devemos compreender a morte de Jesus. Uma passagem para a Ressurreição, para a superação da morte e do sofrimento.
Ao nos deixar sermos tocados pelo sofrimento de Jesus, precisamos nos deixar sermos tocados também pela sua voz, que nos chama a sermos autênticas testemunhas de seu Evangelho, vivendo por todas as pessoas um amor sem fronteiras e se distinção. Um amor que nos leva ao encontro do outro, porque o amor que recebemos de Deus nos conduz ao nosso irmão e à nossa irmã.
Que ao participarmos da Semana Santa, possamos também olhar para nossa realidade e perceber as oportunidades que temos de sermos seguidores de Jesus, verdadeiros discípulos missionários que levam a todo lugar a misericórdia e a esperança, legítimos sinais do amor de Deus.

Uma ótima Semana Santa para todos nós!